Bloco de Esquerda ficou dececionado com discurso do primeiro-ministro. Esperava mais em vésperas do debate sobre o Orçamento do Estado para 2020. Numa reação poucos minutos depois de António Costa transmitir mensagem de Natal, Luís Fazenda começou por destacar que o discurso foi monotemático, centrado na saúde, para mais tarde acrescentar que a mensagem gravada foi também “limitada” e até relativamente “dececionante”.
O dirigente e deputado do Bloco esperava uma um comportamento diferente do primeiro-ministro que, para Luís Fazenda, se comporta como se tivesse ganho as eleições com maioria absoluta as últimas legislativas. “O Governo tem até agora agido como participante sozinho neste processo (de elaboração e discussão do Orçamento): elaborou, expôs e escolheu os temas, mas não tem negociado o que quer que seja de substancial com os partidos à esquerda.”
Para Luís Fazenda, o comportamento do primeiro-ministro devia ser diferente. Independentemente da importância e centralidade do tema da saúde isso não aconteceu. E como tal, “não deixa a expetativa sobre a urgência imediata de encontrar um Orçamento que possa abrir caminho à continuidade e a políticas progressivas. Tememos que possa haver descontinuidades e ruturas”.
Apesar de assinalar que o discurso de António Costa teve o ponto importante de “reconhecer a suborçamentação crónica do setor da saúde”, o deputado não ficou convencido com a prioridade dada neste Orçamento pelo anunciado reforço de verbas. “Tudo depende da execução”. É preciso ver se os valores anunciados foram efetivamente gastos este ano, e se vão ser no próximo.
Mas para além disso, há “imensas medidas que têm de ser tomadas” e que para Luís Fazenda têm de passar por uma negociação com os partidos à esquerda: garantir que não há taxas moderadoras nos centros de saúde, apontar um caminho para a exclusividade dos médicos no Serviço Nacional de Saúde e medidas para os cuidadores informais. Fazenda assinala ainda o que não está no Orçamento, como o tema do trabalho e a falta de “sinais importantes de redução da fiscalidade na energia (o IVA da eletricidade).