O príncipe Harry e a mulher, Meghan Markle deixaram de ser membros sénior da família real britânica e vão mudar-se para a América do Norte, está a avançar o casal na conta oficial de Instagram. Os duques de Sussex vão “recuar como membros sénior da família real”, dizem os próprios, e vão “trabalhar para se tornarem independentes financeiramente”, embora assumam que vão “continuar a apoiar totalmente Sua Majestade, a Rainha”.
No comunicado, Harry e Meghan Markle dizem que tomaram esta decisão “depois de muitos meses de reflexão e discussão interna”: “Escolhemos fazer a transição este ano e começar a desenvolver um novo papel progressivo dentro desta instituição. Tencionamos afastarmo-nos do papel de membros sénior da Família Real e trabalhar para nos tornarmos financeiramente independentes, enquanto continuaremos a apoiar totalmente Sua Majestade, a Rainha”.
O documento prossegue: “É com o vosso apoio, particularmente nos últimos anos, que nos sentimos preparados para fazer este ajuste. Planeamos agora equilibrar o nosso tema entre o Reino Unido e a América do Norte, enquanto honramos os nossos deveres para com a Rainha, a Commonwealth, os nossos patronos”.
Segundo o casal, “este equilíbrio geográfico vai permitir-nos criar o nosso filho com uma apreciação para com a tradição real na qual ele veio ao mundo, enquanto damos à nossa família o espaço para nos focarmos no próximo capítulo, incluindo o lançamento da nossa entidade de caridade”. Harry e Meghan dizem-se “entusiasmados” com os próximos tempos.
“É complicado”, diz o palácio
Em reação ao comunicado emitido por Harry e Meghan Markle, fonte oficial do Palácio de Buckingham revelou à Sky News que “as discussões com o duque e a duquesa de Sussex estão numa fase inicial”. E acrescentou: “Compreendemos o desejo deles de assumirem uma abordagem diferente, mas estes são assuntos complicados e vão demorar a ser trabalhados”.
Uma fonte anónima da Casa Real britânica disse à CNN que o sentimento da família real após a decisão dos duques de Sussex é “desilusão”. A mesma fonte diz que Harry e Meghan Markle nunca procuraram o núcleo da realeza em busca de aconselhamento e que tomaram a decisão de se afastarem dos deveres reais sozinhos.
Do afastamento da família real ao “sofrimento privado”
A decisão dos duques de Sussex surge depois de um Natal atribulado para a Família Real, em que Harry e Meghan Markle decidiram passar o Natal nos Estados Unidos com a mãe da ex-atriz norte-americana. Na altura, uma fonte disse ao The Sun que “eles precisam de se afastar durante um tempo e de decidir quais os planos para o próximo ano”.
Na mensagem de Natal da rainha Isabel II, a fotografia de Harry e Meghan Markle não aparecia em cima da mesa junto à qual a monarca falou à nação. Nas imagens disponibilizadas pela família real britânica, pode ver-se como a rainha tem ao seu lado quatro fotografias emolduradas: do seu filho, príncipe Carlos, e a mulher, Camilla Parker-Bowles; do marido, o príncipe Filipe; do seu neto príncipe William e a mulher, Kate Middleton, e os três filhos do casal; e também do seu pai, o rei Jorge VI.
Fotografia de Harry e Meghan retirada da secretária da rainha Isabel II em discurso de Natal
Ainda antes da quadra natalícia, o casal entrou numa batalha legal contra os tabloides britânicos, que publicaram cartas que Meghan Markle escreveu ao pai. Harry acusou os jornais de submeterem a mulher ao mesmo “bullying” que viu a mãe, a princesa Diana, sofrer. E afirmou estar cansado de ser uma “testemunha silenciosa” do “sofrimento privado” de Meghan.
“Chega-se a um ponto em que a única coisa que se pode fazer é fazer frente a este comportamento. Porque destrói as pessoas e destrói a vida. Em palavras simples, é bullying que assusta e silencia as pessoas. Todos sabemos que isto não é aceitável em nenhum nível. Não vamos e não podemos acreditar num mundo onde não se leva isto em conta”, declarou Harry, que terminou com um desabafo: “Perdi a minha mãe e agora vejo a minha mulher a tornar-se vítima das mesmas forças poderosas”.
Príncipe Harry processa tabloide britânico por “campanha implacável” contra Meghan
Em outubro, Meghan Markle também fez um desabafo sobre como estava a ser difícil para ela adaptar-se ao estilo de vida da família real. Questionado por um jornalista que acompanhou a visita do casal ao continente africano sobre se estava tudo bem, Meghan Markle emocionou-se e respondeu: “Obrigada por perguntar porque poucas pessoas me perguntaram se estou bem”. E concretizou: “Não, não está tudo bem”.
“Qualquer mulher, especialmente quando está grávida, está realmente vulnerável. Isso tornou-se um grande desafio. Depois, quando tens um recém nascido, especialmente para as mulheres, é muita coisa. Então soma isto [a pressão mediática] a estares só a tentar ser mãe ou recém-casada”, disse Meghan Markle.
“É justo dizer que a resposta [sobre se está bem] é ‘nem por isso’ e que tem sido uma verdadeira luta?”, prosseguiu o jornalista. A duquesa de Sussex respondeu: “Sim”.
Meghan Markle e a dureza de ser mãe debaixo de críticas constantes: “Não, não está tudo bem”
O que é um “membro sénior” da família real?
Segundo a página Royal Central, um membro sénior da família real é “qualquer membro da família real que exerce continuamente deveres em seu nome próprio ou em representação da Coroa”. Mas não só: são “próximos do trono”, “o monarca, os conselheiros de Estado e os seus cônjuges”.
No caso da família real britânica, os membros sénior da família real seriam então a rainha Isabel II; Filipe, Duque de Edimburgo; Carlos, Príncipe de Gales; Camila, Duquesa da Cornualha; William e Kate, Duques de Cambridge; Harry e Meghan, Duques de Sussex; Andrew, Duqued e York. Mas Harry e Meghan Markle vão sair desta lista.
Apesar de se referir à América do Norte como destino dos duques, o Canadá parece ser o destino do casal, têm apontado os meios de comunicação social britânicos. A visita de Harry e Meghan Markle a Canada House, em Londres, na manhã de terça-feira, para se encontrarem com a alta comissária canadiana no Reino Unido, Janice Charette, adensaram essa desconfiança.
“Nada igual nos tempos modernos”
Dickie Arbiter, antigo assessor da casa real britânica, diz que “não há nada igual a isto nos tempos modernos” e aponta que Harry está “a deixar que o coração mande na cabeça”. Segundo o especialista, a única ocasião em que a família real britânica se viu numa situação semelhante foi quando Edward VIII abdicou do trono em 1936 para casar com uma mulher divorciada — algo que abalou a realeza britânica.
Há diferenças, no entanto: Edward VIII ainda não tinha sido coroado, mas estava na linha direta de sucessão ao trono, ao contrário de Harry. Quando Edward VIII abdicou, foi o irmão, Jorge VI do Reino Unido, que assumiu a coroa britânica. O duque de Sussex é o sexto na linha sucessão ao trono — e Archie, o filho dele com Meghan Markle, é o sétimo. Ou seja, o afastamento dos duques de Sussex do núcleo duro da família real não compromete a estabilidade da sucessão ao trono britânico como o caso de Edward VIII fez à época.