Apesar de ainda não ter ido para o ar, o facto é que o habitual discurso de Natal da rainha Reino Unido, Isabel II, já está a dar que falar. Tudo porque a fotografia de Harry e Meghan está em falta entre os retratos que habitualmente exibe na sua secretária neste discurso.

Nas imagens disponibilizadas pela família real britânica, pode ver-se como a rainha tem ao seu lado quatro fotografias emolduradas: do seu filho, príncipe Carlos, e a mulher, Camilla Parker-Bowles; do marido, o príncipe Filipe; do seu neto príncipe William e a mulher, Kate Middleton, e os três filhos do casal; e também do seu pai, o rei Jorge VI.

A seleção em causa inclui, desta forma, além do seu marido, o seu antecessor (rei Jorge VI) e os dois homens que lhe seguem na linha de sucessão direta: primeiro o Príncipe Carlos e, depois, o Príncipe William.

A escolha de não incluir uma fotografia dos duques de Sussex, Harry e Meghan, e do seu filho Archie, que nasceu em maio de 2019,  voltou a dar azo a especulações em torno de um possível desentendimento entre a rainha e aquele casal. Já em outubro tinha sido noticiado que a fotografia de Harry e de Meghan tinha sido retirada da sala de receções do Palácio de Buckingham.

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A seleção de fotografias a serem dispostas para esta ocasião anual tem variado ao longo dos anos. Por exemplo, em 2016, a rainha tinha ao seu lado apenas uma fotografia sua com o sucessor, o Príncipe Carlos. Em 2017, discursou ao lado de duas fotografias dela própria com o marido (uma do casamento, em 1947; outra contemporânea) e uma fotografia dos seus bisnetos Príncipe Jorge e Princesa Carlota. E no discurso anterior, em 2018, incluiu um leque de fotografias onde incluía os duques de Sussex, agora excluídos.

“O filho deles, Archie, nasceu este ano. Seria de pensar que haveria uma fotografia. É uma omissão muito clara. Fico surpreendido, mas não sei se há aqui uma mensagem clara ou não”, disse ao The Sun Dickie Arbiter, porta-voz do Palácio de Buckingham entre 1988 e 2000 e atual comentador de assuntos reais nos media britânicos.

Rainha vai falar de ano “bastante acidentado”

O discurso da rainha irá para o ar esta quarta-feira, 25 de dezembro, às 15h00. Com uma duração prevista de dez minutos, o discurso vai dar conta do ano difícil que ficou para trás: “O caminho, claro, nem sempre é suava, e neste ano terá havido ocasiões em que pareceu bastante acidentado”.

Não é exatamente claro o que Isabel II quer dizer com o termo “acidentado”, mas é provável que essa declaração aponte para a vida política do Reino Unido, que em 2019 debateu intensamente a forma como deve sair (ou se deve sair de todo) da União Europeia — levando com isso à demissão da ex-primeira-ministra Theresa May e à sua substituição por Boris Johnson, que por sua vez conduziu o Partido Conservador a uma maioria absoluta nas eleições antecipadas de 12 de dezembro.

De acordo com o The Guardian, a rainha recorrerá ao exemplo de Jesus Cristo para sugerir uma via de percurso para esse tal caminho “acidentado”, dizendo que “pequenos passos dados com fé e esperança podem prevalecer a diferenças de longa data”.

“Acidentado” também pode ser um termo para a rainha Isabel II se referir à amizade do seu filho Príncipe André com o magnata Jeffrey Epstein, condenado por crimes sexuais em 2010 e que em 2019 foi acusado de operar uma rede de tráfico sexual de menores.  O escândalo obrigou o Príncipe André a renunciar à sua vida pública, mas apenas depois de ter sido fortemente criticado por não ter renegado à sua amizade com Jeffrey Epstein numa entrevista.

A um nível pessoal, a rainha Isabel II também pode estar a referir-se ao seu marido, o Príncipe Filipe. Em janeiro, causou um acidente rodoviário ao embater o seu carro contra outro, causando ferimentos nas duas mulheres que seguiam a bordo. O Príncipe Filipe, que renunciou à vida pública em 2017, entregou a sua carta de condução na sequência desse acidente. Nas vésperas deste Natal, a 20 de dezembro, foi internado como medida de precaução. Teve alta já no dia 24 de dezembro, a tempo de passar a quadra festiva com a família.