Um dos primeiros capítulos da novela apareceu em agosto de 2018, quando a Liga de Clubes espanhola quis realizar um jogo do Campeonato que tinha acabado de começar nos Estados Unidos, como parte de um acordo de publicidade. Em outubro, quando os protestos na Catalunha adiaram um Barcelona-Real Madrid, o segundo capítulo prendeu-se com o reagendamento do jogo para o Santiago Bernabéu ou a permanência em Camp Nou. Por fim, nas últimas semanas do ano, o terceiro capítulo voltou a ter que ver com a realização de uma partida nos Estados Unidos, um Villarreal-Atl. Madrid, desta feita em Miami.

Três capítulos que explicam, em toda a linha, a dificuldade de relação e compreensão entre a Federação Espanhola de Futebol e a Liga de Clubes espanhola nos últimos tempos. Luis Rubiales e Javier Tebas, respetivamente presidentes de um e outro organismo, não têm escondido que discordam em praticamente todos os pontos fulcrais do futebol em Espanha e polarizaram a opinião pública. Rubiales, de uma forma geral, tem saído vencedor de todos os confrontos: conseguiu implementar o reformulado formato da Supertaça, disputado em modo mini-torneio na Arábia Saudita, evitou a realização de jogos do Campeonato em países estrangeiros e ainda manteve o Barcelona-Real Madrid na Catalunha. Pelo meio, a relação sofreu uma erosão quase inevitável — erosão essa que pode agora colocar Iker Casillas no olho do furacão.

Luis Rubiales é presidente da Federação Espanhola de Futebol desde maio de 2018

De acordo com a imprensa espanhola, Javier Tebas está a considerar desafiar Casillas com uma candidatura à presidência da Federação Espanhola de Futebol. Luis Rubiales deve convocar eleições para a segunda metade do mês de março, antes dos dois particulares da seleção espanhola que já vão servir como preparação para o Euro 2020, e Tebas olha para o guarda-redes como o nome ideal para retirar apoios a Rubiales e ter na liderança da Federação um aliado, ao invés de um adversário.

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Ainda segundo a comunicação social do país, Casillas estará a olhar para o eventual desafio colocado por Javier Tebas com especial cautela. Num cenário em que aceitava candidatar-se e fazer frente a Luis Rubiales, o espanhol seria obrigado a colocar um ponto final definitivo na carreira, algo que ainda não fez. De recordar que, depois de ter sofrido um enfarte do miocárdio no primeiro dia de maio do ano passado, o guarda-redes não voltou a jogar pelo FC Porto e integrou a estrutura dos dragões — mas ainda não anunciou formalmente o final da carreira, algo que teria então de acontecer para poder candidatar-se à liderança da Federação.

O Sport indica ainda que, para além do apoio total da Liga de Clubes, Casillas contaria com o respaldo da Associação de Futebolistas Espanhóis e da grande maioria dos jogadores do país. Caso se candidate, o guarda-redes deve ser o único adversário de Luis Rubiales, que está no cargo desde maio de 2018 e pode ver o próprio mandato estender-se até 2024 em cenário de vitória.