Lisboa vai acolher em setembro o segundo encontro anual de cidades e municípios comprometidos na erradicação até 2030 das epidemias do VIH, hepatites virais e tuberculose, que reunirá mais 300 cidades e cerca de mil participantes, foi esta sexta-feira anunciado.

A iniciativa Fast-Track Cities 2020, que decorrerá de 7 a 10 de setembro, foi anunciada, nos Paços do Concelho, em Lisboa, pelo presidente da autarquia, Fernando Medina, e pelo presidente da International Association of Providers of AIDS Care, José M. Zuniga, e tem como objetivo acelerar as respostas aos desafios do VIH/sida, da tuberculose e da hepatite viral.

Em declarações à agência Lusa no final da apresentação, Fernando Medina afirmou que Lisboa concorreu a organizar esta conferência por várias razões, a primeira das quais por Portugal ter assistido “a uma redução muito importante relativamente às infeções pelo VIH, tuberculose, hepatite C”.

Contudo, salientou, o problema não está erradicado: “Ainda existe em números muito mais reduzidos, mas atinge segmentos muito vulneráveis das nossas populações e por isso precisa de ter uma atenção política e nós queremos que esta conferência sirva para dar essa atenção política”.

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Em segundo lugar, apontou o autarca, “a evolução do fenómeno das infeções tem sido muito desigual em todo o mundo e uma das razões principais para esta situação é porque a política na área da droga e da toxicodependência é diferente em muitos países e Portugal tem uma muito boa experiência a partilhar”.

Portugal ao descriminalizar, a partir de 2000, o consumo e ao passar para a área do sistema clínico, médico e social o problema dos que têm aquela dependência, fez “reduzir de forma impressionante o número de toxicodependentes”, explicou.

Também fez reduzir de “forma muito importante” toda a prevalência das doenças associadas à toxicodependência, através de “uma resposta viável, mais justa e, acima de tudo, mais humana e mais digna”.

Lidar com a estratégia de redução de riscos dos toxicodependentes é hoje uma prioridade para muitas cidades em todo o mundo e nós queremos apresentar o nosso caso, apoiar a sua divulgação”, frisou Fernando Medina.

Lisboa pretende também divulgar o trabalho que está a fechar relativamente às salas de consumo assistido. “Já temos dados relativamente à primeira e teremos seguramente depois da execução das outras duas, porque é uma estratégia que se está a mostrar eficaz e acima de tudo digna do ponto de vista humano”, sublinhou o autarca.

Presente na cerimónia, o presidente do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), João Goulão, disse à Lusa que o facto de Lisboa ter sido convidada a acolher esta conferência é “um desafio grande que é colocado, não só ao município, mas a todas as cidades participantes nesta rede e a todas as entidades que de alguma forma colaboram”.

Por outro lado, “é também o reconhecimento do que tem sido feito em Portugal e que é muito significativo para contrariar algumas destas problemáticas e das formas eficazes” que têm vindo a ser encontradas para as contrariar.

“É uma oportunidade para partilharmos, para darmos conta do nosso modelo de intervenção, e para aprendermos com as pessoas de outros países as suas práticas, os seus resultados e, eventualmente, incorporarmos algumas delas”, referiu João Goulão, rematando: “Esta é uma área em que não há saberes e ciência absoluta. Há saberes que se vão construindo e partilhando”.

Esta posição é partilhada pela diretora do Programa Nacional para a Infeção VIH, Sida e Tuberculose, Isabel Aldir, afirmando à Lusa que “a presença de Portugal, nomeadamente Lisboa, enquanto anfitrião da iniciativa ‘cidades na via rápida’ é muitíssimo grande até porque permite ter um contacto com outras cidades”.

“Permite aprendermos e vermos outras experiências, mas também mostrarmos e divulgarmos tudo o que de bom se realiza entre nós e que deve ser motivo de orgulho”, sublinhou Isabel Aldir.