A Secretaria de Saúde do estado brasileiro de Minas Gerais confirmou na quinta-feira a quarta morte associada à intoxicação exógena por dietilenoglicol, uma substância tóxica encontrada em cervejas contaminadas da empresa Backer.

“Até a data de 16/01/2020, foram notificados 18 casos suspeitos de intoxicação exógena por Dietilenoglicol. (…) Quatro casos foram confirmados e os 14 restantes continuam sob investigação, uma vez que apresentaram sinais e sintomas com relato de exposição. Quatro casos evoluíram para óbito”, informou a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, em comunicado.

As autoridades de saúde recomendaram ainda que, “em decorrência das últimas evidências obtidas, por precaução, nenhuma cerveja produzida pela Cervejeira Backer, independente de marca e lote, seja consumida”.

Ao todo, três homens e uma mulher, todos residentes no estado de Minas Gerais, perderam a vida, sendo que, em apenas um dos casos, foi confirmada a presença da substância dietilenoglicol no sangue. Os três restantes óbitos continuam sob investigação, mas estão a ser tratados como casos suspeitos de intoxicação exógena por dietilenoglicol.

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“A presença da substância Dietilenoglicol foi confirmada em amostras de cerveja recolhidas nas casas de pacientes e encaminhadas pela Vigilância Sanitária do município de Belo Horizonte para a perícia da Polícia Civil. Exames realizados em amostras biológicas dos quatro pacientes detetaram a presença do mesmo composto químico [dietilenoglicol]”, declarou a Secretaria de Saúde.

Até ao momento, as autoridades de saúde referiam-se à doença misteriosa como síndrome nefroneural. No entanto, instituíram uma mudança na designação, passando a denominar-se intoxicação exógena por dietilenoglicol, por já ser conhecido o agente causador da enfermidade.

Os sintomas da doença podem surgir até 72 horas após o consumo, que incluem náuseas, vómitos e dor abdominal, e os pacientes apresentam ainda alterações neurológicas.

Na quinta-feira, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) brasileiro informou que identificou substâncias tóxicas em oito produtos da Cervejeira Backer, num total de 21 lotes contaminados, que poderão ser responsáveis pela morte das quatro pessoas.

“O MAPA identificou a presença dos contaminantes monoetilenoglicol e dietilenoglicol em oito produtos da Cervejeira Backer”, afirmou a pasta da Agricultura na sua página na Internet.

Foram encontradas substâncias tóxicas nas marcas Belorizontina, Capixaba, Capitão Senra, Pele Vermelha, Fargo 46, Backer Pilsen, Brown e Backer D2, todas produzidas pela Backer, ainda de acordo com a tutela.

O governo brasileiro já tinha avançado na quarta-feira que a água utilizada pela Backer na produção de cervejas estava contaminada com uma substância tóxica, que poderá ser responsável pelas mortes.

Análises realizadas pelo MAPA constataram a contaminação da água utilizada pela Backer na fabricação das suas cervejas”, adiantou a pasta da Agricultura, acrescentando que a contaminação aconteceu nas dependências da empresa.

Face à suspeita de que a “contaminação por dietilenoglicol e monoetilenoglicol é sistémica”, ou seja, está presente no processo de fabrico da Backer, o ministério determinou a recolha de todos os produtos da cervejeira e a suspensão da fabricação, “pois outras marcas podem estar também contaminadas”.

O ministério declarou que continua a tentar “identificar as circunstâncias em que os factos ocorreram” e a “tomar as medidas necessárias para mitigar o risco apresentado pelas cervejas contaminadas”.

A empresa permanecerá fechada até que o MAPA considere haver “condições seguras de operação”, e os produtos apenas serão novamente comercializados mediante a análise e aprovação do governo.