O antigo líder do CDS, José Ribeiro e Castro, disse esta sexta-feira no programa Vichyssoise, da Rádio Observador, que não tem “nenhum palpite” sobre quem vai ganhar a corrida à liderança do CDS, mas admite que há três “front runners“: João Almeida, Francisco Rodrigues dos Santos e Filipe Lobo d’Ávila. E dos três só exclui o primeiro das suas preferências: “Não sou adepto da continuidade. Não tem a ver com João Almeida, mas creio que se organizou na sua candidatura a continuidade do aparelho, é uma espécie de nau de sobrevivência. E cá fora, na segunda-feira, o partido não compreenderia que o CDS continuasse na mesma”.

CDS: o risco de ser um avião no triângulo das Bermudas

Mais tarde, já na fase do “Carne ou Peixe”, em que o convidado tem de escolher uma de duas opções, Ribeiro e Castro confessou que entre João Almeida e o líder da Juventude Popular, “preferia que ganhasse Francisco Rodrigues dos Santos“. Para o ex-líder centrista o país prefere um líder que não João Almeida: “É mais fácil explicar se houver interrogações quanto aos novos, do que explicar porque seguiu o mesmo caminho”.

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José Ribeiro e Castro desvaloriza a juventude de Francisco Rodrigues dos Santos: “Diz-se muito que é novo, mas o problema da idade passa com o tempo“. Além disso, Adelino Amaro da Costa tinha 31 anos (a idade de Francisco Rodrigues dos Santos) quanto fundou o CDS e “Freitas tinha 33/34 anos e ninguém disse que era um bando de garotos”. Além disso, lembra, “o CDS já teve no passado um líder que veio diretamente da Juventude Centrista”.

Numa crítica ao posicionamento de Assunção Cristas, Ribeiro e Castro considera um “disparate o que foi dito nos últimos anos” de o CDS já não ter “ideologias, [mas] um conjunto de respostas aos problemas concretos das pessoas”. E atira: “Isso é a Loja do Chinês, isso não é um partido. Se tem tesouras, tem tesouras. Se tem chave de parafusos, tem chave de parafusos, se tem papel de embrulho, tem papel de embrulho, tem garfos de plástico, tem garfos de plástico. Isso é a loja do chinês. As soluções concretas para as pessoas resultam de uma visão da sociedade, de uma visão do mundo”.

Sobre os chamados temas fraturantes (aborto, casamento entre pessoas do mesmo sexo e ideologia de género), a que Ribeiro e Castro chama de “temas da família”, o centrista lembra que são temas que não são da agenda do CDS e “ninguém imaginava que se pusessem“. Para o antigo presidente do CDS estes “temas entraram na agenda política porque a esquerda e extrema-esquerda desencadearam agendas agressivas de contra-cultura. Agora também ideologia de género cada vez mais agressiva.”

Ribeiro e Castro já tinha alertado esta sexta-feira, num artigo no Observador, alertado para o CDS cair num triângulo das Bermudas onde estão o Chega e a Iniciativa Liberal. “No meio do triângulo das Bermudas, o avião que desaparece é o CDS, se não tiver cuidado”, refere o antigo líder.

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Ainda assim, Ribeiro e Castro defende que o CDS não se deve “preocupar com os outros, nem com o PSD, nem Iniciativa Liberal, nem Chega.” O CDS, alerta o antigo líder, tem de fomentar a mobilização de militantes que não tem funcionado: “[O CDS tem] péssimos hábitos de deliberação e de participação interna e isso não dá saúde a nenhum corpo coletivo, portanto é muito enfezadinho quando depois chamamos por ele para ir à luta”.