Rogério Alves, presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting, decidiu pedir mais esclarecimentos sobre a Assembleia Geral Extraordinária que visa o sufrágio por parte dos associados da destituição de Frederico Varandas como líder dos leões, numa decisão anunciada esta terça-feira através de um comunicado. Assim, o dirigente irá pronunciar-se no prazo de cinco dias úteis sobre aquele que será o veredicto final. O Observador sabe que as duas dúvidas colocadas na resposta do número 1 da Mesa são muito concretas: 1) quantas versões tem o texto apresentado, quantas atualizações registou e como foram as mesmas apresentados aos subscritores; 2) quais os fundamentos para alegar justa causa em relação ao Conselho Fiscal e Disciplinar do clube.
“A Mesa da Assembleia Geral do Sporting Clube de Portugal vem por este meio informar que os serviços analisaram os aspetos formais do requerimento, tendo apurado um total de 383 sócios subscritores válidos que correspondem a 1.365 votos. Previamente à apreciação final do teor do requerimento foram hoje solicitados alguns esclarecimentos aos requerentes. Uma vez obtidos esses esclarecimentos será proferida uma decisão, a qual será tornada pública”, explicou uma nota de imprensa enviada pela Mesa da Assembleia Geral, numa decisão que acabou por contrariar aquilo que estava a ser dado como certo em termos internos há alguns dias (inclusivé hoje): não havia fundamentação jurídica para que a reunião magna extraordinária se realizasse.
“É com profunda estupefação que foi comunicado ao movimento Dar Futuro ao Sporting, apenas nas horas finais do último dia do prazo acordado de três semanas, que existiam dúvidas em relação ao documento da justa causa. Dúvidas essas que poderiam (e deveriam) ter sido colocadas em qualquer dia e a qualquer hora anterior dos restantes dias que perfizeram o prazo acordado. Mais, tendo em conta que o movimento foi contactado de forma a providenciar um ficheiro onde constava a documentação organizada, de forma a que a validação fosse o mais breve possível, e que sem qualquer obrigação o enviou, lamenta-se a atitude da MAG”, comentou o movimento após a decisão de Rogério Alves, comunicada “através de correio eletrónico às 20h28”.
“Importa referir que também não foi dada qualquer justificação do porquê de apenas perto dos 50% dos cerca de 3.000 votos entregues terem sido validados, sendo que nos foi transmitido durante a reunião com o Dr. Rogério Alves, que, caso faltasse ou não fosse possível validar alguma documentação, existiria possibilidade para que a mesma fosse completada ou corrigida. Contudo, dado o avassalador número de votos apresentados, sabíamos que era impossível o objetivo não ser atingido”, acrescentou, prometendo uma resposta célere.
No requerimento apresentado pelo movimento “Dar Futuro ao Sporting”, a que o Observador teve acesso, eram focados nove pontos como “factos” retirados do programa eleitoral para depois serem apresentadas as 24 violações que dariam a tal justa causa que justificava a realização de uma Assembleia Geral destitutiva.
“As decisões tomadas por esta Direção no que diz respeito às relações externas com os sócios incorrem em violações dos estatutos, bem como violações de princípios fundamentais previstos constitucionalmente, como a quebra do protocolo com os Grupos Organizados de Adeptos [GOA] e a proibição de venda de merchandising relacionado com os GOA nas lojas oficiais do clube (…) O aumento propositado do som das colunas, para censurar a crítica, incorre numa violação constitucional do princípio da Liberdade de Expressão”, defende.
“O incumprimento contratual com sócios que celebraram um contrato de compra e venda para aquisição da Gamebox, incorre numa violação estatutária prevista (…) As medidas apresentadas no Programa Eleitoral, e esmiuçadas em cima, não foram cumpridas”, prossegue, falando depois da política de aquisições: “No caso das contratações, elas foram tudo menos criteriosas, sendo feitas sem qualquer contacto com o até então treinador do projeto, dado que foi público os pedidos do mesmo (…) foram tudo menos suportadas com critérios de valorização, dado que no último dia se contrataram três ativos, por empréstimo, sem opção de compra, sendo que um deles na casa dos 30 anos de idade (…) foram também tudo menos com base na rentabilidade desportiva, tendo em conta que um deles ainda não está apto para jogar, desde que chegou, já com problemas físicos”.
“A Academia das Modalidades prometida é até agora uma miragem, que nem o sócio mais otimista a consegue visualizar. O objetivo dos 200.000 sócios foi claramente falhado, havendo sim menor militância, menos gente nos estádios, menos venda de Gameboxes, e uma quebra no número de sócios pagantes significativa (…) A Direção propôs-se a emitir nova Emissão Obrigacionista, no valor mínimo de 30 milhões de euros, proposta claramente falhada, com uma taxa de juro bastante atrativa a ficar-se pelos 26 milhões”, acrescenta, falando ainda da não realização da habitual Gala, do negócio “sem qualquer transparência” com o Wolverhampton tendo em conta o protocolo e a aquisição dos direitos desportivos do atleta Wang (bem como do protocolo com o Manchester City, a reestruturação financeira, o negócio feito com o fundo Apollo ou o adiantamento de receitas da NOS) e da não realização do Congresso Leonino, que esteve marcado mas acabou por ser cancelado.