O Observatório Nacional do Bullying, lançado esta quinta-feira em Matosinhos, disponibiliza um questionário que permite a denúncia informal e anónima de casos de bullying em contexto escolar.

“Este observatório é uma plataforma de denúncia informal de casos de bullying que pode ser utilizada por pessoas que estão neste momento a ser vítimas, que foram vítimas no passado, que testemunharam ou que tiveram conhecimento destas situações”, explicou em declarações aos jornalistas Sofia Neves, coordenadora científica do Observatório Nacional do Bullying e presidente da Associação Plano i, responsável por esta iniciativa. De acordo com Sofia Neves, esta recolha de dados “anónima” vai permitir o mapeamento do fenómeno e uma caracterização das vítimas, dos agressores e das próprias dinâmicas e consequências do bullying.

Os dados são recolhidos através de um questionário online que estará disponível a partir desta quinta-feira no site da Associação Plano i que pretende contribuir para o reforço das políticas públicas de combate ao fenómeno do bullying em contexto escolar, incluindo o ensino universitário.

De acordo com Sofia Neves, a experiência obtida no âmbito do Observatório da Violência no Namoro, também da responsabilidade da Plano i, demonstra que muitos dos casos reportados, nunca chegam às estatísticas oficiais, porque há uma resistência por parte das vítimas em denunciar, e que só por via do observatório podem ser contabilizadas.

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“O que nós esperamos é que estes dados possam ser indicadores agregados aos indicadores oficiais e que nos permitam depois elaborar estratégias que possam reforçar as políticas públicas de prevenção e combate ao bullying”, concluiu.

A associação, que escolheu o Dia Escolar da Não Violência e da Paz para lançar o observatório, apresentou esta quinta-feira publicamente, o programa Plano B, de prevenção do Bullying dirigido aos alunos dos 2.º e 3.º ciclos de escolaridade. Em declarações aos jornalistas, a coordenadora científica do plano e do Observatório Nacional, Paula Allen, explicou que o programa, financiado pela Direção-Geral da Saúde, envolve três municípios – Matosinhos, Porto e Figueira da Foz – num total de 40 turmas dos 2.º. e 3.º ciclos de escolaridade.

“Trata-se de um programa que trabalha de uma forma muito completa e complexa o fenómeno do bullying envolvendo desde alunos a encarregados de educação, assistentes operacionais, docentes e direções das próprias escolas e entidades parceiras [autarquias e Agrupamento de Centros de Saúde]”, referiu. A intervenção, adiantou Paula Allen, está dividida em três momentos, o primeiro dos quais, que está já em implementação no terreno, consiste na observação e recolha das “necessidades” especificas de cada contexto escolar. “Desenvolveu-se para aplicação posterior um programa de sete sessões em sala com cada turma, são 40 turmas do 2º e 3º ciclo, e esta intervenção tem um enfoque nas questões de género, da discriminação e do combate ao bullying e vai ter em conta aquilo que foi observado na primeira fase”, acrescentou. A esta fase segue-se uma avaliação do programa.

De acordo com a coordenadora do programa, em Matosinhos há cinco escolas ou agrupamentos de escolas que integram este plano de prevenção do bullying – Secundária Gonçalves Zarco, Agrupamento de Escolas da Senhora da Hora, de Perafita, de Irmãos Passos e o Agrupamento de Escolas de Matosinhos. No Porto, integram o programa o Agrupamento de Escolas Alexandre Herculano e o Agrupamento Pêro Vaz de Caminha e na Figueira da Foz o Agrupamento de Escola de Paião e Figueira Norte.