Jorge Mendes, último dia de mercado, negócios de milhões. Três ideias que se fundem na mesma frase em todas as janelas de transferências, sempre com o português a comandar algumas das operações mais marcantes como já acontecera no verão com a transferência de João Félix para o Atl. Madrid por 126 milhões de euros e que ganhou prolongamento no inverno, sendo intermediário da ida de Bruno Fernandes para o Manchester United (55 milhões, a maior de janeiro) e estando envolvido na ida de Francisco Trincão para o Barcelona por 31 milhões – sem esquecer o empréstimo de Dyego Sousa, que tinha vendido para a China, ao Benfica.

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Mais uma vez, o mercado voltou a passar muito por quem opera na sombra, o território sagrado de Jorge Mendes que saiu apenas para dar uma entrevista curta à Sky Sports que começou a acelerar a transferência de Bruno Fernandes para Old Trafford – isso e a proposta do Barcelona, que cederia o jogador ao Valencia seis meses para garantir Rodrigo (algo que falharia). Mas houve outros atores, mais ou menos conhecidos, que tiveram a sua influência nas principais movimentações. E que estarão na ribalta já na próxima janela de mercado.

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Delphine Verheyden, a Erin Brockovich dos ricos (como Mbappé)

Kylian Mbappé já fez juras de amor à porta do PSG mas também já deixou uma janela de oportunidade aberta para o Real Madrid, que tem no avançado francês o grande objetivo para a próxima temporada depois de uma espécie de Neymarmania que ainda passou pela cabeça de Florentino Pérez. E porquê? Porque junta aquilo que o presidente dos merengues pretende para uma nova era que começa a dar os primeiros passos mas que conhecerá o passo mais decisivo em 2020/21. Dinheiro à parte, que terá de ser muito, quem terá o clube espanhol de convencer? Delphine Verheyden. Apelidada de advogada dos campeões, a gaulesa (que representa outros atletas de topo do desporto do país, do judo ao atletismo) foi contratada há alguns meses pelo agora campeão mundial de seleções para gerir a carreira, naquela que foi uma movimentação importante para o futuro: segundo a imprensa francesa, Verheyden pediu mesmo a Mbappé para forçar a saída, dizendo que teria outras hipóteses na Bola de Ouro estando no Santiago Bernabéu. Manterá a mesma ideia daqui a uns meses quando reabrir o mercado?

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Juni Calafat, o caçador de talentos de Florentino Pérez

O título remete para uma qualquer aventura do Indiana Jones de Harrison Ford mas foi esta a solução encontrada por Florentino Pérez para inverter a lógica do Real Madrid nos últimos anos, em particular após a saída do número 7 Cristiano Ronaldo para a Juventus: investir em talentos mais jovens com margem de progressão por forma a criar uma nova era no clube. Nascido em Espanha mas criado no Brasil, José Antonio Calafat de Souza, ou Juni como também é conhecido, foi contratado em 2014 pelo braço direito do presidente do clube, José Ángel Sánchez, tendo começado por ficar como responsável da prospeção na América do Sul antes de alargar (e muito) as funções. Foi por ele que passaram as contratações de Vinicius, Rodrygo, Fede Valverde, Éder Militão e Reinier. Como? Vê cerca de 100 vídeos todas as semanas, faz observação ao vivo para ver o que as gravações não mostram, tem uma enorme rede de olheiros pelo mundo e entra em todas as negociações para englobar todas as partes, como explica o ABC: os empresários, o clube e a família. A isso alia ainda um assinalável poder de persuasão.

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Mino Raiola, o James Bond dos agentes (sem o mesmo glamour)

Nem sempre tem a fatiota cuidada dos principais empresários europeus por gostar de usar alguns fatos de treino e roupas mais confortáveis mas não prescinde de fotografias dos filmes de James Bond no seu escritório (onde não figuram imagens de jogadores). Mino Raiola faz dos atletas que representa as suas Majestades e voltou a ser um dos principais protagonistas do mercado de inverno depois de ter estado na “novela” da transferência de De Ligt para a Juventus: depois de ter fechado Haaland para o B. Dortmund com um valor mais alto em comissões (25 milhões) do que da transferência em si (20 milhões), trouxe de volta Zlatan Ibrahimovic para o futebol italiano (AC Milan) e ganhou margem junto do Manchester United para conseguir vender Paul Pogba no próximo verão.

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Jonathan Barnett, o Moneyball de vários desportos (e empresário de Bale)

É talvez um dos mais discretos no mundo do futebol mas tem tendência em apostar em jogadores mais de números do que propriamente fama em diversas modalidades com o resultado que está à vista: foi considerado pela Forbes o agente número 1 em 2019. Gareth Bale, o seu principal ativo, foi anunciado como “bomba” pelo The Times de manhã mas acabou por permanecer em Madrid, cenário que deverá ser diferente no verão. Mas o mundo de Jonathan Barnett, fundador e líder do Stellar Group, vai muito para além do futebol (onde tem também Saúl Ñíguez, Pickford ou Loftus-Cheek, por exemplo): introduziu Lennox Lewis no boxe, levou o críquete para África do Sul depois do fim do Apartheid, tem vários jogadores de futebol americano e está também no atletismo, no râguebi e nos esports. Com uma curiosidade: foi banido um ano pela Football Association por ter organizado um encontro que deveria ser secreto entre Ashley Cole e o Chelsea numa altura em que o lateral jogava no Arsenal.

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