A Google lançou novas funcionalidades para o seu software de mapas com atualizações em tempo real, o Google Maps. A novidades chegam no dia em que o serviço celebra 15 anos. Além de um novo logótipo e de um visual novo para a app já a partir desta quinta-feira, o Google Maps passa a ter, em alguns países, informações tão específicas como indicar se em determinado transporte público há “zonas exclusivamente para mulheres” (esta funcionalidade só está disponível nos países em que existem, Portugal não é o caso).
À primeira vista, pode não se notar as principais alterações do serviço da Google, mas a mudança de visual da app mostra que a empresa quer pôr os utilizadores a interagir mais com a aplicação. Agora, no fundo do ecrã, em vez de aparecerem três opções, há cinco separadores: “Explorar”, “Deslocações”, “Guardados”, “Contribuir” e “Atualizações” (antigo “Para Si”).
Destas, as opções novas são o botão “Guardados”, que permite “conveniente” ver os locais que quer visitar ou guardar, e o “Contribuir”, que permitem”partilhar facilmente o conhecimento local como por exemplo detalhes sobre as estradas e moradas, locais em falta, fotos e comentários aos locais”, diz a empresa. Já o separador “Atualizações”, quer ajudar as pessoas a descobrirem mais sobre os locais onde estão em vez de usarem a app para ir apenas do ponto A ao ponto B.
Sendo um serviço que informa o utilizador sobre as várias formas como pode chegar a um local e tendo em conta “as alterações” nas deslocações nas cidades, a partir de março, vai ter mais informações sobre transportes públicos. Ao ver qual o transporte que quer utilizar para chegar ao destino, é possível ter informações como se outras pessoas consideraram a temperatura da carruagem adequada, fria ou quente; se as pessoas se sentiram seguras a utilizar o transporte; ou a informação sobre as condições para passageiros com necessidades especiais. Isto, também para incentivar a uma maior contribuição dos utilizadores.
Para ajudar os futuros passageiros poderá sempre responder a um pequeno questionário no Google Maps sobre a sua experiência nas suas viagens recentes. Vamos disponibilizar estes fragmentos de informação globalmente no próximo mês de março e a sua disponibilidade irá variar de região para região e de entidade de gestão de transportes”, diz a empresa.
Além destas novidades, a Google também atualizou o LiveView, a possibilidade de utilizar a câmara do telemóvel para, pelo ecrã do smartphone, poder ver digitalmente onde quer ir no mundo real. Nos próximos meses, este serviço vai mostrar também o quão longe está ou não de um local.
As novas funcionalidades do Google Maps foram avançadas numa conferência telefónica com jornalistas de vários países, incluindo o Observador, na qual Jen Fitzpatrick, vice-presidente da Google responsável pelos serviços de geolocalização da empresa, e Dane Glasgow, vice-presidente de produto para o Google Maps, apresentaram as novidades.
No início, a dificuldade com o Google Maps era um botão para imprimir. Agora, é o botão da privacidade
O Google Maps foi lançado há 15 anos, a 8 de fevereiro de 2005. No início, a grande preocupação de Jen Fitzpatrick era uma: “Onde é que se põe o botão de imprimir?”. Agora, como revela Fitzpatrick, há adições que nem acreditavam ser possíveis no passado, como o Live View.
Em 2005, telemóveis com acesso ilimitado a dados móveis ou o termo “app” eram coisas inexistentes. Apesar de o Google Maps cobrir praticamente todo o mundo, quando começou tinha apenas mapas dos EUA e funcionalidades como ver o trânsito em tempo real demoraram anos a ser adicionadas. Só em 2007 é que o serviço chegou aos telemóveis naquilo que Fitzpatrick define como algo que foi “decisivo [“game changer“, em inglês].
20 anos depois, as perguntas que se fazem ao Google Maps já não são como é que se vai do ponto A ao ponto B e são mais específicas, como: “Qual o melhor restaurante de pizza à volta do Hotel onde estou”, conta a Google. Este impacto do serviço da empresa faz com que a equipa responsável afirme ter uma “responsabilidade tremenda”. Apesar de contar com um serviço de publicidade paga para negócios, que pode vir a ter “pins pagos” (locais que aparecem com mais frequência para os utilizadores), Fitzpatrick respondeu aos jornalistas que é por esta responsabilidade que vão continuar a ter ferramentas gratuitas para uma pessoa “poder pôr o seu negócio no mapa”.
Já é possível desativar o histórico dos mapas. Modo incógnito chega ao Google Maps
Em 2019, a empresa adicionou à app do Google Maps o modo incógnito, uma opção para navegar na Internet sem guardar o histórico, inicialmente lançada para o browser Chrome e também disponível para o YouTube. Apesar ser uma opção que Dane Glasgow assume que “muitos utilizadores estão a usar”, a empresa tem visto que “as pessoas ocasionalmente usa-na” principalmente quando querem ter “um sentido maior de privacidade e controlo”.
Numa altura em que há menos confiança na forma como as grandes empresas tecnológicas lidam com os dados que agregam dos utilizadores, a Google mostra-se otimista — com “muita fé na Humanidade –, e também cautelosa, com o que o Maps ainda pode oferecer. Para a Google, este é um trabalho que continuará sempre inacabado. No futuro, a empresa diz que tem ainda de melhorar a sensação de privacidade para os utilizadores, mas também quer adicionar mais funcionalidades nas quais o serviço ainda peca. Informações sobre se o caminho é adequado ou não para pessoas com cadeiras de rodas ou adicionar apoios sonoros para pessoas com problemas de visão são ferramentas que poderão ser adicionadas no futuro e que esta equipa da Google fala que quer melhorar.