Começou no aquecimento com um par de pessoas, cresceu no decorrer do jogo e tornou-se insustentável. Mesmo insustentável, o que levou a que não ligasse aos pedidos dos próprios companheiros que mostravam toda a sua solidariedade. Moussa Marega, avançado do FC Porto que está a ser falado um pouco por todo o mundo depois de ter saído de campo após ouvir insultos racistas, explicou em entrevista o que se passou em Guimarães.
“Estou melhor. Ontem foi muito mais difícil, realmente senti-me uma m****, foi uma grande humilhação para mim. Tocou-me bastante. Fui para casa, passou o momento, já pude sorrir um pouco. Recebi muitas mensagens, de todas as partes. Dão-me muita força e agradeço a todos pelo apoio”, disse à rádio francesa RMC, antes de explicar em concreto o que se passou desde o aquecimento e também a reação dos seus companheiros de equipa.
“Os meus companheiros não compreenderam a minha reação mas ficaram chocados com o que aconteceu. Foram reações de amigos, tentaram acalmar-me. Conhecem-me muito bem desde que estou no FC Porto. Depois daqueles comportamentos muito duros, eles só tentaram acalmar-me. Disse-lhes que não valia a pena, que não conseguia jogar naquele campo”, contou o avançado maliano.
O que se diz lá fora do caso Marega: “escândalo” e “vergonha mundial em Portugal no séc. XXI”
“Os insultos começaram desde o aquecimento. Ao início eram só três pessoas que estavam a gritar comigo. Depois foi o estádio inteiro. É impossível jogar um jogo assim. Fiquei chocado por serem os adeptos do V. Guimarães, nunca achei que pudesse acontecer. Joguei no V. Guimarães e sempre respeitei os adeptos e o clube. Tenho uma grande relação com o clube. É uma cidade que me deu muito e um clube que me deu muito também. Ficámos em quarto, fomos à Europa. Devo-lhes muito. Sempre que jogo contra eles recebo muitos aplausos. Quando marquei golos nunca festejei. Não sei o que aconteceu, porque me magoaram assim”, acrescentou.
“Gostava que o jogo tivesse parado, gostava que o árbitro e a Liga tivessem outra atitude. Uma coisa são os slogans contra o racismo, outra é a ação que se passa todos os dias. Isso é só para tirar fotografias, mais nada. O que diria se pudesse falar com o presidente da República? Seria um honra e podia dizer-lhe o que senti ao ser insultado daquela forma. Não gostei mesmo nada de sentir aquele ódio, fiquei muito desiludido”, concluiu Marega.