Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente do FC Porto, pronunciou-se pela primeira vez sobre o episódio de racismo que envolveu o jogador Moussa Marega no passado domingo. “Acho que isto é, sobretudo, um caso de polícia”, afirmou o histórico dirigente momentos antes de entrar no Palácio da Justiça, no Porto, onde prestará declarações por videoconferência enquanto testemunha de Bruno de Carvalho no caso de Alcochete.

“É como se alguém tivesse roubado as carteiras às pessoas num estádio — a responsabilidade não é dos clubes, é da polícia. Se roubarem a carteira a qualquer um de vocês aqui no tribunal [disse o dirigente portista], o problema é para a polícia resolver, não o tribunal.”, explicou.

“Reajo como a maioria, quase que 100 por cento dos portugueses, descontando o Rui Santos e o André Ventura. Toda a gente reagiu da mesma maneira. O Marega foi tomado pelo mundo como um herói, mas não é por ter esta atitude digna que passou para nós a ser importante. No final do ano, antes de sonharmos que isto ia acontecer, recebeu o Dragão de Ouro do FC Porto. Não é por isto que passou a ser para nós um grande atleta e um grande homem”, explicou ainda Pinto da Costa.

Ressalvando uma “solidariedade total do FC Porto” com o atleta do Mali, o dirigente destacou ainda “não se pode classificar o futebol e os seus adeptos como sendo grupos racistas.” O problema do racismo, afirma, “é estúpido e imbecil e não devia sequer ser colocado como problema”. O presidente azul e branco explicou ainda que para ele “sempre houve igualdade” e que sempre viveu “assim na infância”, quando os seus “ídolos no FC Porto eram de cor.”

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“Para mim era indiferente a raça e a cor. As crianças têm como ídolos jogadores de muitas raças, o futebol serviu para que não exista racismo. Aquilo foi uma atitude infeliz, que nem sequer posso dizer que as pessoas sejam racistas, foi uma maneira de atingir o Marega porque o V. Guimarães também tem jogadores de outras raças e que nunca foram atingidos. Têm de ser castigados, mas mais do que racismo foi um problema de estupidez”, rematou.

Atirando o assunto para trás das costas diz que o que aconteceu em Guimarães já passou e que “a vida decorre normalmente dentro do FC Porto.” Foi parco nas palavras, porém, para falar do assunto que o levava ao Palácio da Justiça. Sobre ser testemunha de Bruno de Carvalho afirmou apenas que o que tiver para dizer fará “perante os juízes, não os jornalistas”.

O futuro de Iker Casillas

O presidente do FC Porto, Pinto da Costa, confirmou hoje também o fim da carreira do guarda-redes espanhol Iker Casillas, que na segunda-feira anunciou a intenção de se candidatar à presidência da Real Federação Espanhola de Futebol.

“O Iker Casillas, antes de anunciar a candidatura, veio ao Porto almoçar comigo e comunicar a sua decisão de terminar a carreira”, disse o presidente do FC Porto.

Pinto da Costa comentou a decisão do guarda-redes internacional espanhol, revelando que ficou “muito contente e comovido” com a atitude de Casillas.

“Foi impressionante durante toda a sua carreira, esteve apenas em dois clubes – o FC Porto e o Real Madrid -, e como homem está em atividade plena. Fará falta como pessoa, pois ainda antes do jogo em Guimarães, enviou-nos uma mensagem em vídeo, que ele mesmo filmou e que foi partilhada no nosso balneário, antes do jogo”, revelou.

Casillas anunciou na segunda-feira que será candidato às próximas eleições na Real Federação Espanhola de Futebol, não revelando, no entanto, o seu futuro imediato enquanto jogador. Desde 01 de maio de 2019, altura em que sofreu um enfarte, que o atleta não voltou a jogar.