O presidente executivo (CEO) da TAP, Antonoaldo Neves, disse hoje que a companhia aérea “vai parar de crescer” e que não vai investir enquanto não tiver “confiança nos prazos do investimento” no aeroporto de Lisboa.
“A TAP tomou uma decisão. A TAP vai parar de crescer, porque a TAP não está mais disposta a investir contando que alguma coisa vai acontecer”, anunciou Antonoaldo Neves, referindo-se aos “muitos constrangimentos” à operação aérea no aeroporto de Lisboa.
O responsável falava em Lisboa, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados de 2019 do Grupo TAP, que registou prejuízos de 105,6 milhões de euros, uma melhoria de 12,4 milhões de euros face às perdas de 118 milhões registadas em 2018.
O CEO da transportadora aérea garantiu que só quando tiver “confiança nos prazos do investimento” no aeroporto de Lisboa é que o Grupo volta a investir, nomeadamente na compra de mais aviões.
Antonoaldo Neves chegou mesmo a defender que, “hoje, a Portela é o pior aeroporto do mundo, segundo a AirHelp”, uma empresa que presta serviços jurídicos a passageiros que tenham tido voos cancelados, atrasados ou sobrelotados.
Como é que eu posso fazer o meu próximo planeamento estratégico se eu não sei se vou ter os ‘slots’?”, admitiu Antonoaldo Neves, depois de a TAP ter anunciado esta semana o cancelamento de 1.500 voos no verão deste ano por falta de ‘slots’ (faixas horárias) no aeroporto de Lisboa.
No entanto, Antonoaldo Neves garantiu que todos os passageiros dos 1.500 voos cancelados “vão ser protegidos” e que “a TAP não depende de 1.500 slots para sobreviver de forma nenhuma”, uma vez que esse valor equivale a três dias de operação num ano.
A companhia sente-se, nas palavras do CEO, “indignada por não poder crescer” e lamenta que, só em passageiros transportados pela TAP, Portugal vai perder 150 mil turistas no verão.
A transportadora especificou ainda que, no ano passado, teve 35 dias de operação limitada por causa do nevoeiro e 129 dias devido à realização de exercícios militares nas imediações do aeroporto da Portela, em Lisboa, o que significa que operou mais de metade do ano de 2019 com um atraso já embutido no aeroporto.
“O nosso maior desafio em termos de custo é o que a gente paga em termos de indemnizações a passageiros […] por conta dos atrasos, por conta dos constrangimentos da infraestrutura aeroportuária aqui no aeroporto de Lisboa”, esclareceu o vogal da comissão executiva da TAP Raffael Quintas, também presente na conferência de imprensa.
TAP fecha ano de 2019 com prejuízos de 106 milhões. Gestão não comenta prémios na comunicação social
Em relação ao pagamento de prémios a alguns trabalhadores depois de apresentar prejuízos de cerca de 100 milhões de euros, que o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, considerou “inaceitável”, Antonoaldo Neves escusou-se a fazer comentários, dizendo que “a Comissão Executiva não comenta política de remuneração da empresa”.