O primeiro-ministro de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, anunciou esta terça-feira que apresentou a demissão ao Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, na segunda-feira.
“Apresentei a demissão ontem [segunda-feira]. A decisão final cabe ao Presidente da República”, disse Taur Matan Ruak aos jornalistas no Palácio Presidencial, em Díli.
Taur Matan Ruak falava aos jornalistas depois de um encontro com o Presidente, Francisco Guterres Lu-Olo, dias depois de Xanana Gusmão anunciar que o seu partido, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), tinha uma nova maioria parlamentar.
“O encontro foi convocado pelo PR [Presidente da República] para falar sobre a minha carta em que manifestei a minha intenção de demissão. Falei com o senhor Presidente, mas a última palavra é do senhor Presidente”, considerou.
“A demissão só é válida quando o Presidente a decretar e até lá eu continuarei em funções para garantir a ação governativa. Não podemos deixar a nação sem direção”, afirmou.
Taur Matan Ruak disse que está já em cima da mesa uma nova coligação e que, a seu tempo, ele explicará à população os motivos da sua decisão.
Questionado pela Lusa sobre se o facto das próprias bancadas do Governo terem chumbado o Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2020 — o passo mais recente na crise política que se arrasta em Timor-Leste há vários anos – Taur Matan Ruak referiu o seu descontentamento.
“Não gostei. Não havia razão para chumbar o Orçamento. O país precisa de um Orçamento”, afirmou.
Fonte oficial do gabinete do primeiro-ministro confirmou à Lusa que a carta de demissão foi entregue no Palácio Presidencial na segunda-feira, “entre as 09h30 e 10h30 da manhã”.
Francisco Guterres Lu-Olo estava, nessa altura, a participar na abertura de um seminário de comemoração dos 10 anos da Comissão Anticorrupção (CAC) timorense.
À saída dessa reunião, Lu-Olo disse à Lusa que ainda não tinha recebido o pedido de demissão do primeiro-ministro.