A visita do navio-escola Sagres ao Uruguai e o contexto dos 500 anos de Magalhães reforçam a diplomacia portuguesa na área da cooperação e negócios, defendeu o embaixador português em Montevideu, Nuno Bello.

“Para Portugal, estas comemorações, muito mais do que celebrar a viagem de circum-navegação, são, no fundo, um esforço que estamos a fazer de construir uma rede de cooperação entre todas as cidades e regiões que foram etapas da epopeia de Magalhães”, considerou Nuno Bello, em declarações à Lusa.

O embaixador português no Uruguai, de onde a Sagres parte esta quinta-feira para Buenos Aires, refere-se à Rede Mundial das Cidades Magalhânicas que reúne localidades de nove países em quatro continentes por onde a rota da circum-navegação de Fernão de Magalhães passou há 500 anos.

Assim como aquela viagem representou uma ampliação da fronteira do conhecimento, a Rede Mundial de Cidades Magalhânicas pretende ser um elo de cooperação mútua no conhecimento científico, cultural, tecnológico, económico e turístico. Dos 22 portos que a Sagres visita nesta viagem, 12 pertencem às cidades magalhânicas, disse.

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“As visitas da Sagres têm sempre muita visibilidade e contribuem para a aproximação entre os países”, destacou Nuno Bello, reafirmando o conceito de “embaixada itinerante”.

Para o diplomata português, a Sagres poderá partir, mas a dinâmica de trabalho permanecerá, intensificando as relações entre Portugal e o Uruguai. “As comemorações vão-se prolongar por dois anos. Nesse período, queremos criar uma dinâmica de trabalho que nos faça ter aqui no Uruguai ações culturais que tragam consigo a economia, nomeadamente a questão do meio ambiente”, apontou Bello. “Assim como a de Magalhães foi uma viagem global, os problemas do meio ambiente são também globais e Portugal tem muito a cooperar nessa área”, reforçou o embaixador.

Para a passagem da Sagres pela região do Rio da Prata (Uruguai e Argentina) que começou no dia 23 fevereiro no Uruguai e terminará no dia 3 de março na Argentina, Portugal estará representado pelo ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes.

“Portugal é visto pelos uruguaios como um país próximo, um país que já esteve aqui. A nossa proximidade tem muito a ver com as relações históricas, mas agora Portugal quer cooperar com o Uruguai na área do meio ambiente”, referiu o diplomata, considerando que a cooperação poderá ter como consequência “possibilidades de negócios”.

“A cooperação é sempre boa para os dois lados. Temos técnicos portugueses e temos empresas portuguesas. Podemos ajudar outros países e, por detrás disso, virem negócios e trocas comerciais”, concluiu o embaixador português no Uruguai, Nuno Bello.

O objetivo de Magalhães era chegar às ilhas Molucas em busca de especiarias devido ao alto valor comercial, mas indiretamente criou uma rota que a diplomacia portuguesa, 500 anos depois, procura capitalizar.