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Silas e a despedida de uma equipa com 15 derrotas que dá 15 minutos de avanço ao adversário (a crónica do Famalicão-Sporting)

Este artigo tem mais de 4 anos

Aos oito minutos, o Sporting perdia por dois golos. Na segunda parte, quando podia ter chegado ao empate, o Sporting sofreu o terceiro. Silas despediu-se: e o Sporting sofreu a 15.ª derrota da época.

Vietto ficou perto de empatar a partida já na segunda parte
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Vietto ficou perto de empatar a partida já na segunda parte

EPA

Vietto ficou perto de empatar a partida já na segunda parte

EPA

São quase 18 anos. Há quase 18 anos que o Sporting não conquista a Primeira Liga. Um jejum que vai, com toda a certeza, atingir a maioridade no final desta temporada e tornar-se o maior período que os leões alguma vez passaram sem se tornarem campeões nacionais. São 18 anos, desde a geração de Jardel, JVP e Niculae comandada por Bölöni e até agora, em que todas as crónicas, todos os textos, todos os comentários sobre o Sporting, são sobre muito mais do que futebol e pontapés na bola. Até nos anos de maior sucesso, como com Peseiro em 2005 ou Jesus em 2016, as memórias são da equipa que perdeu a Taça UEFA no próprio estádio e da equipa que teve tudo para ser campeã nacional e não foi.

18 anos depois, a ideia do parágrafo anterior nunca foi tão atual. Entre uma equipa que está desprovida de qualquer objetivo ainda em fevereiro, um clube em aguda discórdia interna, um futuro indefinido e um grupo à beira de conhecer o quarto treinador da temporada, algo que só aconteceu uma vez na história do Sporting: no pior ano dessa história, em 2012/13, quando os leões ficaram no sétimo lugar da Liga. Esta terça-feira, na antecâmara de uma visita a Famalicão que era também o pós-eliminação da Liga Europa, a direção leonina fechou praticamente a contratação de Rúben Amorim, treinador do Sp. Braga, para substituir Silas, que pegou na equipa no final de setembro para render um Leonel Pontes sempre temporário depois da saída de Marcel Keizer.

Ficha de jogo

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Famalicão-Sporting, 3-1

23.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Municipal de Famalicão, em Famalicão

Árbitro: Luís Godinho (AF Évora)

Famalicão: Vaná, Diogo Gonçalves, Riccieli, Nehuen Pérez, Roderick, Coly, Fábio Martins (Guga, 78′), Uros Racic, Pedro Gonçalves, Walterson (Centelles, 87′), Toni Martínez (Anderson, 82′)

Suplentes não utilizados: Rafael Defendi, Cissé, Jorge Pereira, Del Campo

Treinador: João Pedro Sousa

Sporting: Maximiano, Rosier (Rafael Camacho, 80′), Coates, Neto, Acuña, Battaglia, Eduardo (Francisco Geraldes, 75′), Gonzalo Plata (Pedro Mendes, 84′), Vietto, Jovane, Sporar

Suplentes não utilizados: Diogo Sousa, Tiago Ilori, Borja, Doumbia

Treinador: Silas

Golos: Uros Racic (5′), Diogo Gonçalves (8′ e 66′), Coates (45+6′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Fábio Martins (45′), a Luís Neto (48′), a Riccieli (71′), a Acuña (88′), a Battaglia (90+6′)

Esta segunda-feira, no encerramento da 23.ª jornada, Silas fazia então o último jogo enquanto treinador do Sporting, o clube que na antevisão da partida disse não querer “prejudicar”. Os leões visitavam um Famalicão em queda livre — a equipa de João Pedro Sousa, à entrada para o encontro, não ganhava há oito jogos consecutivos — mas já sabiam que, independentemente do resultado, ficariam em quarto lugar, já que o Sp. Braga do futuro treinador Rúben Amorim ganhou ao Marítimo no fim de semana. Era por isso necessária uma vitória em Famalicão para ficar novamente a um ponto dos minhotos: mas era necessário algo mais do que isso.

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Era necessário não perder, acima de tudo, para não chegar ao número alarmante das 15 derrotas desde o início da temporada. 15 derrotas que só encontram paralelo noutras duas épocas — em 2000/01 e 2012/13, a tal do sétimo lugar, sendo que nesses dois anos as 15 derrotas diziam respeito ao total da temporada. Agora, em 2020, estamos ainda em março. E um resultado que não a vitória esta segunda-feira, em Famalicão, deixava antecipar cada vez mais que esta poderia ser a pior época da história do Sporting. Não necessariamente ao nível classificativo, já que os leões dificilmente vão cair para o sétimo lugar: mas ao nível desportivo, de ego e de orgulho, desde o estrato mais institucional ao mais natural.

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O derradeiro onze de Silas tinha então Luís Neto, Rosier e Eduardo enquanto opções iniciais, que rendiam os lesionados Mathieu e Ristovski, que nem sequer estavam na convocatória (assim como Bolasie), e ainda o castigado Wendel. Gonzalo Plata também voltava à titularidade, depois de ter estado no onze que venceu o Boavista na última jornada em Alvalade e ter caído novamente para o banco de suplentes na Liga Europa, na derrota na Turquia com o Basaksehir. Do outro lado, João Pedro Sousa não podia contar nem com Gustavo Assunção nem com Patrick, ambos castigados.

Mesmo com todas estas necessidades, o Sporting não poderia ter entrado no jogo da pior maneira. Numa fase em que os leões ainda estudavam a melhor maneira de entrar na linha defensiva da equipa de João Pedro Sousa, e enquanto os adeptos nas bancadas percebiam que Plata iria cair ala direita e Jovane no corredor contrário, com Vietto muito móvel nas costas de Sporar, o Famalicão abriu o marcador no primeiro remate que fez à baliza de Max. Na sequência de um mau alívio da defesa leonina, depois de um cruzamento a partir da direita, Uros Racic atirou de primeira à entrada da grande área e apanhou o jovem guarda-redes de surpresa (5′).

Totalmente desnorteado depois do golo sofrido, o Sporting não teve tempo para ajustar a estratégia à nova realidade antes de ver Diogo Gonçalves aumentar a vantagem famalicense. Num lance em que o ataque da equipa de João Pedro Sousa teve todo o espaço, tempo e conforto para decidir o que fazer com a bola, Fábio Martins abriu em Diogo Gonçalves na direita e o avançado atirou cruzado para bater Max pela segunda vez no jogo (8′). Dois remates à baliza, dois golos: pela primeira vez em 40 anos, o Sporting estava a perder por dois golos de diferença ao fim de nove minutos de jogo.

A reação do Famalicão à vantagem relâmpago foi a esperada: a equipa recuou as linhas, baixou no terreno, juntou-se totalmente compacta logo a seguir ao setor defensivo e só esticou o jogo em situações de superioridade numérica, quando aproveitavam os (vários) erros adversários. Do outro lado, o Sporting correu atrás do prejuízo e tomou conta da posse de bola, colocando a primeira fase de construção na zona do meio-campo e avançado principalmente pelas alas, onde Vietto parecia ser omnipresente para conseguir desequilibrar no corredor e aparecer em espaço de dar o último toque para Sporar.

Foi Sporar quem acabou por ficar perto de reduzir a desvantagem, num lance onde primeiro falhou o remate e depois atirou à malha lateral (17′), mas o Sporting mostrava dificuldades na hora de ultrapassar a última linha defensiva do Famalicão. Era necessário que a equipa de Silas fosse mais dinâmica e mais rápida, de forma a surpreender o conjunto adversário, mas as ações do setor ofensivo leonino eram sempre demasiado previsíveis e expectáveis. Com o adiantar do relógio, e mesmo depois de um remate perigoso de Diogo Gonçalves que quase deu o terceiro do Famalicão (20′), o Sporting foi fechando cada vez mais o espaço que permitia à equipa de João Pedro Sousa e Jovane e Plata foram conquistando maior protagonismo. Vietto fez um bom remate em zona central, com a bola a sair ao lado (33′), mas o reduzir da desvantagem estava guardado para o último lance da primeira parte.

Acuña bateu um livre na direita e Coates subiu mais alto do que todos os outros para, em zona central, cabecear para o fundo da baliza (45+1′). O golo do central uruguaio acabava por recompensar a reação do Sporting após o segundo golo — e apenas após o segundo golo — e aparecia em boa hora para os leões, que regressariam para a segunda parte com a luz ao fundo do túnel de a reviravolta parecer mais exequível. As indicações dadas pela equipa a partir dos 20 minutos, sensivelmente, deixavam antever que essa remontada seria possível: e neste aspeto, além de Vietto e dos dois alas, destacava-se Luís Neto, o jogador com mais passes verticais e um autêntico líder dentro de campo, a contrastar com as primeiras exibições da época.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Famalicão-Sporting:]

Na segunda parte, sem nenhuma alteração nas duas equipas, o Sporting estagnou ainda mais a saída com bola do Famalicão e foi alargando o próprio jogo, tornando-o mais horizontal e exterior e fugindo ao overbooking de jogadores adversários na faixa central. Vietto ficou muito perto de empatar numa dessas situações, ao falhar o remate ao segundo poste depois de um cruzamento largo de Acuña (58′), e os leões tentavam principalmente colocar bolas nas costas da defesa do Famalicão.

A equipa de João Pedro Sousa, até então totalmente remetida ao setor defensivo, acabou por desbloquear depois de um lance de transição ofensiva de Fábio Martins e Diogo Gonçalves (60′), que quase deu o terceiro golo, e passou a reagir de forma mais intensa aos erros do Sporting. Não eram escassas as perdas de bola dos leões ainda na primeira fase de construção, poucos metros depois da linha do meio-campo, e a equipa de João Pedro Sousa não precisou de muitos ensaios para perceber que depois de recuperar a posse nessa zona encontraria um Sporting totalmente desmembrado e desorganizado nas costas.

Num desses lances, Pedro Gonçalves recuperou a bola ainda no próprio meio-campo, avançou em velocidade e soltou na direita em Diogo Gonçalves, que tirou Luís Neto da frente e atirou na diagonal para aumentar a vantagem (66′). Com três remates à baliza de Maximiano, o Famalicão tinha feito três golos: enorme eficácia da equipa de João Pedro Sousa, que a menos de meia-hora do apito final dava um enorme passo em frente rumo à primeira vitória em nove jogos. Silas reagiu ao terceiro golo sofrido com as entradas de Francisco Geraldes, Rafael Camacho e Pedro Mendes para as saídas de Eduardo, Rosier e Plata, passando a jogar com apenas três elementos na defesa e colocando Mendes mais perto de Sporar, a povoar a grande área.

Até ao fim, o Sporting pouco ou nada criou. Os leões acabaram por perder em Famalicão — que regressou às vitórias oito jogos depois — e nunca conseguiram capitalizar o domínio relativo que tiveram a partir dos primeiros 20 minutos em oportunidades dignas desse nome. Silas despede-se da equipa no dia da 15.ª derrota da temporada. Uma 15.ª derrota que iguala os dois piores registos da história do clube, uma 15.ª derrota que acontece em março e a dois meses do fim da época e uma 15.ª derrota que poderá ser apenas o primeiro passo para o pior ano de sempre do Sporting. Um Sporting que, nesta altura, dá 15 minutos de vantagem ao adversário, qualquer que seja o adversário. E isso dificilmente muda com uma mudança de treinador.

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