Quando foi apresentado como novo treinador do Sporting, no final de setembro, Silas recordou aos adeptos que era tão sportinguista como eles. Durante os pouco mais de cinco meses que passou à frente da equipa principal dos leões, Silas foi recordando os adeptos de que era, novamente, tão sportinguista como eles. No dia anterior ao último jogo como treinador leonino, já com a cabeça a prémio e já com o nome de Rúben Amorim a aparecer como grande candidato à sua sucessão, Silas recordou os adeptos, talvez pela última vez, de que era tão sportinguista como eles.

Silas e a despedida de uma equipa com 15 derrotas que dá 15 minutos de avanço ao adversário (a crónica do Famalicão-Sporting)

“Há uma coisa que é verdade: entrei no Sporting com 10 anos pela porta 10A e jamais quero prejudicar o Sporting. O mais importante para mim, e é soberano, é o bem do Sporting”, disse o treinador na antevisão da visita ao Famalicão, invocando um conjunto de um número com uma letra que é sagrado, lá está, para os sportinguistas. Pouco mais de cinco meses de chegar ao Sporting para substituir Leonel Pontes no pós-Marcel Keizer, Silas cede o lugar a um amigo pessoal, Rúben Amorim, de quem foi colega de equipa no Belenenses. E não escondeu praticamente nenhum pormenor na conferência de imprensa de rescaldo do resultado negativo em Famalicão, a 15.ª derrota da temporada do Sporting, igualando os piores registos históricos de 2000/01 e 2012/13 — sendo que, desta feita, ainda estamos em março.

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“Temos de assumir as nossas responsabilidades e quero dizer-vos que este é o meu último jogo à frente do Sporting. Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de aprender coisas que se calhar nunca iria aprender. É uma decisão mais do que pensada, que começou a ser pensada logo na Turquia e tomada na sexta-feira, sem volta atrás”, começou por dizer o treinador, que não deixou de mostrar, novamente, que é tão sportinguista como os adeptos.

“Quero pedir desculpa aos sócios e adeptos do Sporting, porque o Sporting e a sua história exigem muito mais do que isto. A decisão foi tomada por várias razões que não vou enumerar. Foi um orgulho representar o Sporting. Acho que realmente numa ou outra situação poderíamos ter feito mais, acho que todos o podíamos ter feito. Esta decisão baseia-se no pensar no Sporting, pois o clube tem de pensar na próxima temporada, para não voltar a ter os dissabores que teve nesta. O mais natural é sairmos e o Sporting pensar noutro treinador, que comece já a trabalhar com os jogadores e a sua ideia. O soberano aqui é o melhor do Sporting”, atirou Silas, que depois de ser algo vago no tópico do próprio sucessor acabou por confirmar que será Rúben Amorim a assumir o comando técnico dos leões.

“Sobre o Rúben digo o que dizia quando ele estava no Casa Pia: será um grande treinador, tem muito pela frente e para aprender, como eu. Vai precisar de muita ajuda de todos, vem para um desafio enorme para gente de coragem. Mas vem para aqui um grande treinador, sem dúvida nenhuma. Não me lembro de pensar em ficar ou sair antes do jogo na Turquia, não acho que a Direção tenha feito algo de mal. Saio porque entendo que todos temos ideias e eu treino muito pelo prazer de treinar, se não estou bem um sítio entendo que tenho de mudar e se um clube entende que não está bem com um treinador, também muda. A minha relação com o presidente e com o Hugo [Viana] é muito honesta e leal, não nos andamos a enganar e muito menos a prejudicar o Sporting, pelo menos de forma consciente. Às vezes tomamos opções que prejudicam, mas ninguém quer perder. As coisas estavam muito piores quando chegámos do que aquilo que estão agora”, explicou o treinador.