José Mourinho é um treinador a favor do processo. Mais do que o método, mais do que a ideia, o português ainda é um crente na forma como o método e uma ideia evoluem no treino e se traduzem em jogo – e é a isso que se vai chamando vulgarmente o processo. Todavia, o processo não se fecha ao processo coletivo e foi essa também a palavra do treinador do Tottenham para falar de Troy Parrott, avançado irlandês formado no clube que tem sido muito “pedido” pelos adeptos dos spurs por forma a disfarçar a evidente carência de opções ofensivas.
“Ele não está preparado para o imediato, vai ter de passar primeiro pelo seu processo até se tornar uma opção regular. Este é um mundo onde muitas pessoas não sabem sequer se o Troy tem o cabelo longo ou curto, se é loiro ou moreno. Nem sequer sabem daquilo que estão a falar. Repetem Troy, Troy, Troy, Troy, o Troy devia jogar. No outro dia, um tipo estava atrás de mim, no banco, a dizer ‘Lança o Troy, lança o Troy’. Não me parece que conheça o Troy”, explicou com algum humor à mistura o técnico. E Troy ficou mesmo no banco, porque está no processo. Ao contrário de Oliver Skipp, que depois de passar pelo seu processo, foi chamado à equipa.
Numa das poucas alterações na equipa habitualmente titular, provando que José Mourinho olha para esta Taça de Inglaterra como uma forma de ganhar um troféu pelos londrinos logo nestes primeiros meses no clube, o jovem médio formado no clube que com o português tinha sido apenas utilizado 35 minutos em dois jogos como suplente utilizado (Burnley para Premier League, Bayern para a Champions) foi aposta inicial, confirmando aquilo que já tinha referido não só sobre Skipp mas também sobre o jovem central Tanganga.
O Tanganga já está no balneário, com o Skipp. São os dois miúdos fantásticos, dois miúdos em quem acreditamos muito. A diferença entre eles é que com o Japhet a oportunidade dele apareceu e o Skippy ainda não teve a chance de poder jogar em muitos encontros. Mas estão ambos integrados na primeira equipa e o nosso objetivo é que sejam do Tottenham durante muitos anos”, disse há duas semanas.
O médio não fez propriamente um jogo de encher o campo mas revelou pormenores interessantes sobretudo na primeira parte, altura em que o Tottenham saiu na frente com um golo de Vertonghen após livre lateral cobrado por Lo Celso (13′) e teve ocasiões para ganhar outro conforto no resultado, neste caso o conforto suficiente que evitasse aquilo que acabaria por acontecer a 12 minutos do final do tempo regulamentar: Vorm, terceiro guarda-redes dos londrinos que até tinha feito um par de intervenções importantes, defendeu um remate fácil e em zona frontal para a frente e Josip Drmic encostou para o empate que levou o jogo para prolongamento.
Aproveitando a substituição extra, e apercebendo-se também do desgaste de Dele Alli (e nesta fase da temporada qualquer movimento mais brusco pode transformar-se em lesão), Mourinho lá lançou Troy Parrott. E o avançado acabaria por ficar ligado ao encontro pelas piores razões: depois de não ter conseguido destacar-se por falta de tempo e de espaço, o avançado falhou a quarta grande penalidade quando a série estava empatada a dois, antes de Gedson Fernandes permitir também a defesa ao holandês Tim Krul e deixar o Norwich em festa.