O Líbano vai falhar o pagamento de empréstimos de mais de mil milhões de euros, o primeiro incumprimento da sua dívida soberana, anunciou este sábado o primeiro-ministro libanês, Hassan Diab.
O primeiro-ministro libanês fez o anúncio do incumprimento no pagamento de 1,06 mil milhões de euros em Eurobonds, que vencem na segunda-feira, numa mensagem televisiva na qual disse que o país vai tentar reestruturar a sua dívida.
“A dívida do Líbano é maior do que o país pode aguentar”, disse o governante daquele país do Médio Oriente, citado pela AP, acrescentando que as reservas cambiais “chegaram a um estado crítico”, o que levou o executivo a suspender o pagamento dos empréstimos para não deixar de providenciar serviços básicos ao povo.
Hassan Diab disse que “a decisão de suspender o pagamento é o único caminho para parar os atritos e proteger o interesse nacional, lançando ao mesmo tempo um programa abrangente de reformas”.
O incumprimento marca um novo capítulo na crise económica e poderá ter repercussões no pequeno país, que arrisca ser alvo de ações legais pelos credores, o que pode agravar ainda mais a situação e colocar a economia libanesa à beira do colapso.
A libra libanesa já perdeu 60% do seu valor face ao dólar norte-americano no mercado negro, e os bancos impuseram controlos de capital restritivos ao levantamento de dinheiro e às transferências.
O Governo de Hassan Diab, empossado há seis semanas, está a “braços” com uma crise económica e financeira que levou a meses de protestos e rompeu a confiança no sistema bancário libanês, com a decisão de suspender o pagamento de 1,06 mil milhões de euros em Eurobonds a ser uma das primeiras decisões do novo executivo.
As opiniões sobre o pagamento da dívida dividem-se na sociedade libanesa, com os bancos, grandes credores do Estado, a defender o pagamento para proteger a reputação do país, e outras opiniões a defenderem a manutenção das reservas cambiais para importar trigo, petróleo e medicamentos para os próximos meses.
O Líbano tem registado, nos últimos anos, um baixo crescimento económico, altos níveis de desemprego e uma descida nos recebimentos de divisas fortes do estrangeiro.
No entanto, a crise financeira emergiu depois dos protestos de outubro do ano passado, contra a corrupção generalizada e décadas de má gestão por parte da classe política.