Lisboa é, desde janeiro, a Capital Verde Europeia 2020 e muitos são os eventos pensados – entre exposições, conferências, festas e atividades – para o celebrar. Com foco em Lisboa como não podia deixar de ser, mas projetado para se alargar a outras zonas do país, o programa é vasto, envolve dezenas de parceiros e não esquece ninguém, desde crianças a idosos.
Esta é a primeira vez que uma cidade do sul da Europa recebe o prémio e não há como contestar a justeza da decisão. Isto porque o galardão não foi entregue a Lisboa por esta ser a cidade europeia mais sustentável de todas, mas porque foi a que mostrou ter evoluído em todas as doze áreas-chave avaliadas pelo júri, entre as quais se contam a energia, água, mobilidade, resíduos, qualidade do ar ou ruído.
O pleno conseguido por Lisboa tem, de facto, correspondência no muito trabalho que tem vindo a ser desenvolvido na capital. Entre os aspectos que deram a vitória a Lisboa contam-se, por exemplo, a percentagem de pessoas que vivem até 300 metros de transportes públicos (93,3%) ou a menos de 300 metros de áreas verdes urbanas (76%). Mas o que também pesou na decisão da União Europeia (UE) foram os compromissos com metas ambientais muito específicas e rigorosas que a cidade assumiu, das quais destacamos apenas algumas entre as muitas estabelecidas:
Os compromissos assumidos que (também) nos deram a vitória
Estes são alguns dos muitos compromissos assumidos por Lisboa – Capital Verde Europeia 2020:
- Redução de 60% nas emissões de CO2 até 2030;
- Neutralidade carbónica até 2050;
- Cidade europeia de referência na área da mobilidade em 2030;
- 25% da cidade com espaços verdes até 2022;
- Redução em 50% dos resíduos indiferenciados enviados para incineração até 2030;
- 50% de recolha seletiva de resíduos até 2030 (atualmente é de 28%);
- 60% de taxa de reciclagem e preparação para reutilização até 2030 (atualmente situa-se em 34,4%);
- Redução de 60% do consumo de água na Câmara de Lisboa até 2030 (em 2017 era de 5 000 m3);
- Redução de 60% do consumo energético até 2030;
- 67% de redução do consumo energético em iluminação pública até 2030;
- 410 novos autocarros de elevado desempenho ambiental até 2023;
- Mais 100 mil árvores plantadas até 2021.
Capital Verde Europeia – o que é isso?
Desde 2010 que, todos os anos, é atribuída a chancela de Capital Verde Europeia a uma cidade diferente da UE. Para o merecer, a metrópole tem de mostrar consistência nos resultados ambientais alcançados, provar que está comprometida em atingir metas de sustentabilidade ainda mais ambiciosas e tem de ser vista como um modelo para inspirar outras cidades.
Tudo isto foi verificado não só em Lisboa, mas também nas cidades que a antecederam: Oslo (2019), Nijmegen (2018), Essen (2017), Liubliana (2016), Bristol (2015), Copenhaga (2014), Nantes (2013), Vitoria-Gasteiz (2012), Hamburgo (2011) e Estocolmo (2010). No próximo ano, as atenções estarão voltadas para Lahti, na Finlândia, estando ainda a decorrer o processo para escolher a Capital Verde Europeia 2022.
Uma história verde
A história deste galardão leva-nos a Talin, capital da Estónia, onde, em maio de 2006, um conjunto de 15 cidades europeias (Talin, Helsínquia, Riga, Vilnius, Berlim, Varsóvia, Madrid, Liubliana, Praga, Viena, Kiel, Kotka, Dartford, Tartu e Glasgow), em parceria com a Associação de Cidades da Estónia, levaram a cabo uma iniciativa ambiental que sentiam como necessária. A premissa de que partiram era simples, mas exigente: é a garantia de um ambiente de elevada qualidade que constitui a chave para o desenvolvimento económico e social sustentável e equilibrado da UE. Tendo em conta que dois terços dos cidadãos europeus vivem hoje em zonas urbanas, facilmente se compreende a lógica que presidiu ao acordo.
A visão verde defendida pelo coletivo foi traduzida num Memorando de Entendimento, criando-se um prémio para reconhecer as cidades que lideram o caminho em direção a uma vida urbana mais amiga do ambiente. Em 2008, a UE lançou oficialmente a iniciativa, justificando-a assim na página oficial da Capital Verde Europeia : “É importante recompensar as cidades que se estão a esforçar para melhorar o ambiente urbano e a avançar para áreas de vida mais saudáveis e sustentáveis. O progresso é a própria recompensa, mas a satisfação que resulta de ganhar um prestigiado prémio europeu estimula as cidades a investir em esforços adicionais e aumenta a consciencialização, sua e das outras cidades. O prémio permite que as cidades se inspirem umas às outras e partilhem exemplos de boas práticas in situ.”
A quem é entregue?
Todas as cidades europeias que cumpram os critérios de elegibilidade podem apresentar a sua candidatura, a qual é posteriormente avaliada por um painel de 12 peritos independentes, tendo por base os 12 indicadores ambientais considerados: energia, água, mobilidade, resíduos, natureza e biodiversidade, mitigação das alterações climáticas e adaptação às mesmas, utilização da terra, qualidade do ar, ruído, governança, crescimento verde e ecoinovação.
É nesta fase de avaliação que se encontra precisamente a seleção da Capital Verde Europeia 2022, que deverá ser anunciada durante a primavera, sabendo-se que será uma das seguintes: Belgrado, Budapeste, Dijon, Gdańsk, Grenoble, Katowice, Cracóvia, Lyon, Maribor, Múrcia, Parma, Pécs, Perugia, Poznań, Sófia, Talin, Turin e Zagreb.
O que se espera para Lisboa?
Foi no dia 11 de janeiro que Lisboa arrancou oficialmente a programação prevista para este ano, sendo de esperar, entre muitas outras medidas e atividades, a plantação de 100 mil árvores até 2021. Esta ação junta-se às inúmeras previstas no Compromisso Lisboa Capital Verde Europeia 2020 – Ação Climática Lisboa 2030 , que só puderam ser assumidas porque mais de 200 mil organizações (entre escolas, empresas, associações e instituições públicas e privadas) se uniram ao propósito. Com a assinatura do documento, cada uma destas organizações comprometeu-se com os seus próprios objetivos ambientais, contribuindo para as metas gerais, por exemplo:
- Aposta na instalação de iluminação ajustada e LED;
- Inclusão de arvoredo nas envolventes dos edifícios;
- Promoção de veículos elétricos em frotas de uso privado e operacional;
- Incentivo à mobilidade partilhada;
- Reforço do uso do passe social pelos colaboradores;
- Diminuição da produção de resíduos;
- Aumento da taxa de reciclagem;
- Implementação de soluções para a reutilização de águas;
- Redução ou eliminação do uso de plásticos de utilização única.
Viver a cidade – festejar e sensibilizar
O programa criado para Lisboa – Capital Verde Europeia 2020 é vastíssimo e elencá-lo torna-se impossível, mas pode ser consultado na íntegra aqui. Ainda assim, destacamos alguns eventos imperdíveis:
ONE | O mar como nunca o sentiu – Instalação artística no átrio do Oceanário de Lisboa da autoria da cineasta e fotógrafa Maya, especialista em fotografia subaquática em movimento. Permite uma experiência sensorial única, transportando o visitante para as profundezas do mar português. Até 31 de dezembro de 2020.
Projeto Mil Pássaros, Mil Lugares em Lisboa – Projeto que abrange as escolas públicas do município de Lisboa e respetiva comunidade escolar, destinado a abordar as áreas artístico-ambientais. O resultado será a elaboração final de uma instalação coletiva intitulada “Constelação Artístico-Educativa Mil Pássaros”, que reunirá pássaros feitos pelas crianças e seus familiares no final do ano letivo.
Urban Future Global Conference 2020 – É o maior evento europeu para cidades sustentáveis e onde se reúnem os nomes mais relevantes nesta matéria oriundos de todo o mundo. Realiza-se entre 1 e 3 de abril no Pavilhão Carlos Lopes, Estufa Fria e Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Semana Verde Europeia – É o principal fórum de debate sobre política ambiental europeia e arranca em Lisboa, no dia 1 de junho, avançando depois para Bruxelas, com inúmeros eventos em toda a Europa.
Lisboa Natura 2020 – Nos dias 18, 19, 25 e 26 de setembro realiza-se o primeiro festival ecovídeo de Lisboa – o Lisboa Natura 2020 – que terá lugar na Estufa Fria, em Lisboa. Entretanto, até 15 de abril, decorre a candidatura dos vídeos que, se forem selecionados, serão exibidos durante o evento.
Vantagens de uma Capital Verde Europeia
Além das consequências que resultam do maior investimento e crescente sensibilização da cidade e dos habitantes em relação às questões do ambiente, o galardão de Capital Verde Europeia acaba por ter um impacto mais vasto. Desde logo, contribui para um aumento do turismo, maior investimento, criação de novos empregos, promoção da cidade nos meios de comunicação internacionais ou maior afluxo de jovens profissionais.
Estas e outras vantagens percebem-se facilmente pela análise das histórias das cidades que já ostentaram o rótulo. Por exemplo, em Vitoria-Gasteiz, Capital Verde Europeia 2012, verificou-se um aumento de 12% do turismo internacional, com os responsáveis a observarem um aumento do sentimento de orgulho e pertença entre os espanhóis daquela localidade. Foi também possível estabelecer alianças internacionais que permitiram novas oportunidades de negócio com a China, Dinamarca, Brasil, EUA e América Latina, além de acordos firmados com diversas instituições que garantiram o patrocínio de novos projetos ambientais, como a plantação de 250 mil árvores.
De igual forma, a cidade de Hamburgo beneficiou de uma ampla cobertura noticiosa ao longo do ano em que foi Capital Verde Europeia – 2011 – valendo-lhe o reconhecimento internacional de metrópole verde com tecnologias inovadoras. Entre 2008 e 2012 registou um aumento de 57% do número de empregos no setor das energias renováveis.
Também Estocolmo – que mereceu o galardão em 2010 – beneficiou da divulgação feita pelos media e foi anfitrião de centenas de participantes de todo o mundo na European Green Capital Conference. A cidade participou também em 80 eventos internacionais relacionados com o prémio e continua a abrir as portas a quem quer saber mais sobre os seus sucessos ambientais.
O mesmo tipo de balanço é expectável para Lisboa, uma cidade que atualmente cativa turistas do mundo inteiro, constituindo também um ponto de interesse crescente para estudantes ou trabalhadores internacionais, que procuram a capital portuguesa pelo equilíbrio que aqui encontram entre clima ameno, grande segurança, acolhimento irrepreensível, qualidade de vida elevada e, agora também, padrões ambientais acima da média. Não admira, pois, que orgulho seja o sentimento que percorre os habitantes desta verde cidade ao longo de todo o ano.
Como é que a Renault contribui para o compromisso?
Alinhada com os compromissos assumidos por Lisboa – Capital Verde Europeia, a Renault tem vindo a contribuir para que os mesmos sejam alcançados, nomeadamente através do ECO PLAN, iniciativa delineada pela marca, que tem vindo a ser posta em prática com os seguintes objetivos:
- Contribuir ativamente para a redução das emissões de dióxido de carbono dos automóveis a circular em Portugal;
- Criar um sistema de incentivo financeiro – ECO Abate – para estimular a substituição de carros antigos em circulação (com mais de 12 anos) por veículos novos, menos poluentes e mais eficientes;
- Disponibilização de uma rede de carregamento exclusiva para clientes Renault com veículos elétricos nos concessionários da marca – ECO Charge;
- Oferta aos clientes da wall box para carregamento do veículo em casa;
- Criação de um conjunto de novas soluções de mobilidade sustentável e custo reduzido adaptável às necessidades de cada um – ECO Mobility;
- Contribuir para a criação da primeira ilha auto-sustentável em termos energéticos e livre de combustíveis fósseis: Porto Santo, Madeira;
- Promoção de um roadshow – Eco Tour – com paragem em nove cidades portuguesas para divulgar as vantagens da transição para a mobilidade elétrica através de conferências e exposições.