No final das três reuniões onde juntou através de videoconferência todos os players do futebol europeu, tendo ainda estado em contacto através da Eslovénia (de onde não pode sair) com os líderes da FIFA e CONMEBOL, Aleksander Ceferin, presidente da UEFA, anunciou em termos oficiais o adiamento do Campeonato da Europa de seleções para 2021, mais concretamente para o período entre 11 de junho e 11 de julho. E esta acabou por ser mesmo a única alteração concreta já confirmada, apesar de estarem a ser avançadas por federações novas datas para a final da Liga Europa (24 de junho, em Gdansk) e da Liga dos Campeões (27 de junho, Istambul).
De acordo com o órgão, foi colocado acima de tudo a saúde de todos os que estão envolvidos no jogo mas também uma pressão extra que iria recair sobre as federações nacionais enquanto se aguarda por mais informações sobre a pandemia global do coronavírus. Ainda assim, em termos concretos houve apenas a suspensão de todos os jogos oficiais e particulares que estavam agendados para o final de março, sendo que as provas nacionais e europeias de futebol e masculino continuarão a estar suspensas até novas atualizações. “Foi criado um grupo de trabalho com a participação de ligas e representantes de clubes para encontrar no calendário as melhores soluções para completar a presente temporada mas mais nenhuma decisão foi tomada hoje”, explicou.
Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, votou a favor da decisão. “O adiamento da competição vai igualmente permitir a todos os países ajustarem os calendários das competições nacionais que estão presentemente interrompidos devido ao impacto da pandemia global. Foi eleito um comité com todas as partes representadas para tomar essas decisões. A UEFA anunciou ainda que comunicará atempadamente quaisquer outros adiamentos que possam vir a ser decididos nas sua competições masculinas e femininas”, destacou o órgão, numa note oficial publicada no seu site.
No final, Aleksander Ceferin deixou uma mensagem de agradecimento, reforçou o papel social do fenómeno futebol e referiu, por duas vezes, que os objetivos [desportivos] foram colocados à frente dos lucros.
“Estamos à frente de um desporto que um grande número de pessoas vive e respira, que abatido por um opositor rápido mas invisível. É em momentos como este que a comunidade do futebol precisa mostrar responsabilidade, união, solidariedade e altruísmo.
A saúde dos adeptos, do staff e dos jogadores tem de ser a nossa prioridade número um e, nesse espírito, a UEFA apresentou uma série de opções para que as competições possam terminar esta época em segurança e estou orgulhoso da resposta dos meus colegas em todo o futebol europeu. Houve um verdadeiro espírito de cooperação, com todos a reconhecerem que tinham de sacrificar algo por forma a conseguirem o melhor resultado.
Era importante que, como órgão dirigente do futebol europeu, a UEFA liderasse o processo e fizesse o maior sacrifício. A mudança do Euro-2020 tem um custo enorme para a UEFA mas faremos o nosso melhor para garantir que o financiamento vital para o futebol de base, o futebol feminino e o desenvolvimento do jogo nos nossos 55 países não seja afetado. Os objetivos à frente dos lucros tem sido o nosso princípio orientador na tomada desta decisão, para o bem do futebol europeu como um todo.
O futebol é uma força edificante e poderosa na sociedade. A ideia de celebrar um festival pan-europeu de futebol em estádios vazios, com zonas de fãs desertas enquanto o continente se senta em casa isolado, é uma festa sem alegria e que não poderíamos aceitar para celebrar o 60.º aniversário da competição.
Gostaria de agradecer à Associação Europeia de Clubes, às Ligas Europeias e à FIFPro da Europa pelo seu grande trabalho de hoje e pela sua cooperação. Gostaria também de agradecer do fundo do coração às 55 associações nacionais, aos seus presidentes e secretários-gerais e aos meus colegas do Comité Executivo pelo seu apoio e decisões sensatas. Os detalhes serão trabalhados nas próximas semanas mas os princípios básicos foram acordados e isso é um grande passo em frente. Todos nós mostrámos que somos líderes responsáveis. Demonstrámos solidariedade e união. Objetivo à frente lucro. Conseguimos isso hoje.
Gostaria também de agradecer a Alejandro Domínguez e à CONMEBOL, que concordaram em mudar a Copa América de 2020 da CONMEBOL, por forma a seguir as recomendações emitidas pelas organizações internacionais de saúde pública para decretar medidas extremas e como resultado disso houve o adiamento do Euro-2020. Isto significa que os clubes e as ligas na Europa terão o mínimo de perturbação possível na disponibilidade dos seus jogadores. Estes esforços conjuntos, e especialmente esta decisão coordenada e responsável, são profundamente apreciados por toda a comunidade do futebol europeu.
Gostaria de agradecer à FIFA e ao seu presidente, Gianni Infantino, que indicou que fará tudo o que for necessário para que este novo calendário funcione. Perante esta crise, o futebol mostrou o seu melhor lado com abertura, solidariedade e tolerância.”