Nesta fase do campeonato já se sabe que é possível ficar infetado quando em contacto com superfícies contaminadas, mas só agora se começa a perceber durante quanto tempo o novo coronavírus consegue sobreviver fora do corpo humano.

Um novo estudo — publicado esta terça-feira no New England Journal of Medicine — sugere que o vírus que origina a Covid-19 consegue sobreviver até três dias em algumas superfícies, como plástico ou aço, mas o risco de as pessoas ficarem infetadas ao tocar nestes materiais continua a ser baixo, escreve o The New York Times. Se o vírus sobrevive cerca de 72 horas no plástico e no aço, o mesmo não se pode dizer em relação ao cobre, material que limita a sua existência a um período de quatro horas.

Os dados reunidos pelos investigadores resultam de experiências envolvendo dois vírus (SARS-CoV-2 e SARS-CoV-1 — o primeiro diz respeito ao vírus que dá origem à doença Covid-19 e o segundo é o seu “primo”, que entre 2002 e 2003 infetou 5.237 pessoas em território continental chinês) em cinco ambientes diferentes: aerossóis, plástico, aço inoxidável, cobre e cartão/papelão. Ambos os vírus foram aplicados às diferentes superfícies e mantidos a uma temperatura entre 21 e 23ºC, com 40% de humidade, durante sete dias.

O estudo sugere também que o vírus se desintegra ao longo de um dia em cartão, o que se traduz em boas notícias para quem, por estes dias, está em quarentena e com vontade de encomendar comida e objetos diversos via e-commerce. Tal não é válido caso a pessoa que está a entregar a encomenda espirre ou tussa para cima das caixas a receber (o mesmo se verifica caso as mãos deste estejam contaminadas). Na via das dúvidas, a recomendação passa por desinfetar as embalagens.

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Mais relevante será a quantidade de tempo que o vírus sobrevive no ar. Segundo os investigadores, o vírus é capaz de sobreviver em gotículas até três horas após terem sido tossidas para o ar — as gotículas com uma dimensão inferior a 5 micrómetros, esclarece a BBC, podem permanecer durante várias horas no ar sem circulação. Esta é uma ideia que contrasta com a posição da Organização Mundial de Saúde, que continua a assegurar que o vírus não é transmissível pelo ar.

O vírus não permanece no ar em níveis elevados capazes de pôr em risco as pessoas que não estão fisicamente perto de alguém infetado, continua o NYT, jornal que esclarece que os procedimentos usados pelos profissionais de saúde quando a tratar de pacientes infetados — como, por exemplo, entubar alguém com uma pneumonia diagnosticada — podem gerar aerossóis. A isso acresce outro argumento sugerido no estudo: os profissionais de saúde podem ficar com gotículas no equipamento de proteção, na sequência de tratamentos a pessoas infetadas, as quais ficam uma vez mais suspensas no ar quando o equipamento em questão é retirado.

Segundo os autores do estudo, a habilidade do vírus perdurar tanto tempo acresce para a importância da higiene das mãos e da limpeza de superfícies, sem nunca esquecer as normas de etiqueta social.