“Todos os dias” chegam ao Sindicato dos Enfermeiros Portugueses denúncias de que faltam equipamentos de proteção individual para os profissionais de saúde trabalharem, no meio de uma crise de saúde pública originada pela pandemia do novo coronavírus. A denúncia foi feita ao Observador por Guadalupe Simões, da direção nacional do sindicato, que revelou ainda uma denúncia sobre a situação em Ovar:

Acabei de receber agora uma mensagem a dizer que em Ovar não há equipamentos de proteção individual, que acabaram. Estamos a falar de um local que está em isolamento total”, denunciou.

Confrontado com esta acusação, Salvador Malheiro, presidente da Câmara Municipal de Ovar, negou: “Não é verdade. Há material de proteção individual.” O autarca do PSD diz que a Câmara Municipal já se mexeu no sentido de ter material de proteção “para muitos e muitos” dias e revela até um valor: a autarquia gastou, diz, “20 mil euros” neste material, tendo-o ainda requisitado a instituições locais. “A câmara respondeu de imediato”, garante, lamentando que só saiam notícias “negativas” sobre a situação em Ovar quando as autoridades locais e as nacionais estão a fazer “tudo o que podem” para responder à situação de emergência.

Ovar. “A cidade está toda parada, parece que nos desligaram as máquinas”

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As denúncias chegam “todos os dias, a todos os momentos” e de todo o país

A dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses vincou que “todos os dias e a todos os momentos vão chegando relatos de que não há equipamento suficiente nas instituições” de saúde. Essa, apontou, é uma “das maiores exigências do sindicato nesta fase”.

Guadalupe Simões manifestou ainda preocupação quanto ao que acontecerá daqui em diante, dados os relatos que chegam ao Sindicato dos Enfermeiros Portugueses: “A Direção Geral da Saúde e o Ministério da Saúde disseram que mais doentes vão estar a ser tratados em casa de futuro. Os enfermeiros precisam destes equipamentos de proteção. Naturalmente que esses equipamentos de proteção individual têm de chegar em número suficiente a instituições hospitalares e a centro de saúde.”

Segundo a dirigente sindical, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses também não aceita “ouvir administrações [de hospitais] dizer que há equipamentos que têm de ser reutilizados. É um absurdo”.

Este sábado, em nota publicada no seu site oficial relativa aos procedimentos recomendados para profissionais de saúde expostos ao risco de contrair a doença Covid-19, a Direção Geral da Saúde recomendou “a higiene das mãos” e a “a utilização de máscara cirúrgica (ou o Equipamento de Proteção Individual adequado para a atividade clínica)” como medidas preventivas.