A Direção-Geral da Saúde (DGS) sugere um reforço dos legumes e fruta na alimentação das crianças e pede aos pais que evitem ter em casa snacks hipercalóricos, para prevenir o aumento de peso durante o isolamento social.

Num manual divulgado no site da DGS, numa altura em que “as crianças passam mais tempo em casa”, são elencadas seis regras a ter para uma alimentação saudável e sugestões de atividades para crianças em tempos de Covid-19. A DGS recorda que a necessidade de uma permanência mais prolongada em casa para travar a propagação do novo coronavírus leva a uma menor atividade física e a alterações nos padrões de compra de alimentos que podem colocar algumas crianças em risco.

“O consumo de alimentos hipercalóricos e de menor densidade nutricional associado ao sedentarismo podem promover o ganho de peso e o aparecimento de doença associadas no futuro”, alerta a DGS.

Sopa no início das refeições e duas a três peças de fruta por dia

O manual da DGS aconselha que as crianças comam “mais fruta e hortícolas”. “Garantir o consumo de sopa no início das refeições principais e duas a três peças de fruta por dia, pode ser o suficiente para atingir a quantidade recomendada por dia para estes alimentos”, lê-se no manual onde a DGS lembra também alguns vídeos já publicados na sua página oficial no Youtube.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Beber mais água e menos bebidas açucaradas também é uma das recomendações da DGS — que dá até dicas para tornar mais fácil o cumprimento desta regra: “Ofereça às crianças a sua garrafa reutilizável ou institua o momento do copo de água em casa. Pode também experimentar preparar algumas águas aromatizadas. Esta é a altura de experimentar e aprender a beber novas bebidas sem açúcar, mas igualmente saborosas”.

Não tenha “lixo alimentar” em casa

A DGS apela também que se evite o consumo de snacks hipercalóricos — a que chama “lixo alimentar”. Reconhecendo que “estar mais tempo em casa pode ser sinónimo de comer mais e, em particular, de comer com mais frequência ao longo do dia e de optar por snacks menos saudáveis”, no manual é pedido que isto se evite.

Mais vale não os ter em casa [os snacks hipercalóricos] do que instituir regras difíceis de cumprir nestes dias já difíceis”, lê-se.

A DGS alerta ainda que o leite e os derivados são alimentos importantes para o crescimento e desenvolvimento das crianças, pois são fonte de vitaminas, cálcio e outros minerais, mas não devem ser consumidos em excesso, com a quantidade diária limite a rondar os 400 a 500 mililitros. “É muito importante ler os rótulos e comparar e escolher lácteos com menos açúcar, preferindo iogurte sem aromas ou sem pedaços de fruta”, lê-se.

A DGS apela às famílias a optarem pela confeção de refeições de panela, como os guisados e estufados, que mantêm os nutrientes dos alimentos, dar primazia à água e prestar uma atenção particular às crianças, que nesta fase passam mais tempo em meios digitais e podem, por isso, ser alvos mais fáceis de publicidade a produtos menos saudáveis.

Dicas para ementas semanais e compras no supermercado

No manual, são dadas ainda várias sugestões às famílias de atividades que podem fazer com as crianças: fazer uma ementa semanal, fazer uma lista de compras através dos rótulos dos alimentos, arrumar os alimentos no frigorífico, ensinar às crianças algumas regras básicas de higiene e segurança na cozinha, ensinar as crianças a fazer sopa, pão, iogurte, como arranjar o peixe, preparar refeições com enlatados, com feijão e grão.

Num país onde 29,6% das crianças entre os 6 e os 9 anos de idade têm excesso de peso, a diretora do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável aconselha: “Consumir sopas ao início das duas refeições principais, incluir fruta como sobremesa também das duas refeições principais, e mais uma nas refeições intercalares ao longo do dia, é o suficiente para atingir a recomendação”.

Em declarações à agência Lusa, Maria João Gregório lembra que este manual – destinado a encarregados de educação, professores e a todos os que nesta altura de isolamento social têm as crianças em casa, – serve para “reforçar a importância de manter um estilo de vida saudável

Serve também para dar sugestões de atividades que podem ser desenvolvidas com as crianças e que podem ajudar a manter estes hábitos alimentares saudáveis”, afirmou, dando como exemplo o planeamento da ementa semanal e a confeção das refeições em conjunto.

Maria João Gregório lembra ainda a importância de não ter snacks calóricos e pouco saudáveis em casa, lembrando que, como as pessoas estão agora mais em casa, a ansiedade, o tempo livre, o frigorífico e a despensa por perto podem aumentar o consumo de alimentos.

A responsável recorda que este período também pode ser uma oportunidade: “Temos necessidade de manter as crianças ocupadas, logo, porque não aproveitar e fazer atividades na área da alimentação, envolvendo-as no planeamento?”

“Ao mesmo tempo que as mantemos ocupadas passamos algumas mensagens importantes na área da alimentação saudável. Mais do que dizer o que se deve fazer, é importante por a mão na massa e ensinar a fazer”, acrescenta a especialista.