Os portugueses com contratos de trabalho sazonais na Suíça estão a regressar a Portugal mais cedo do que o previsto, conta o gerente da “única” empresa que está a assegurar o transporte para casa daqueles passageiros.

“São cerca de 50 portugueses que regressam a casa, todas as semanas, connosco de autocarro, desde que se declarou Estado de Emergência na Suíça”, relata Carlos Silva, gerente da empresa de transportes Girómundo com sede em Vieira do Minho.

Após a Suíça ter anunciado estado de emergência, dia 16 de março, devido à pandemia causada pelo novo coronavírus, foram muitos os portugueses com contratos de curta duração, a trabalhar em estâncias de ski e estabelecimentos hoteleiros, que viram os seus contratos interrompidos e foram obrigados a regressar a casa mais cedo do que o previsto.

“Neste momento, somos a única empresa que assegura o transportes de passageiros da Suíça para Portugal”, afirma António Santana, motorista e responsável pela base de Lamego da empresa de transportes Girómundo.

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Segundo o motorista, as pessoas que tem transportado são exclusivamente trabalhadores sazonais em fim de contrato, contratos esses que, este ano, acabaram por ser interrompidos pela pandemia que obrigou ao encerramento de um grande número de estabelecimentos comerciais por toda a Suíça.

“Os contratos de trabalho terminaram e essas pessoas têm de regressar às suas casas”, afirma o gerente Carlos Silva, salientando que a empresa obedece criteriosamente às medidas de segurança impostas pelo Governo.

“Estamos a trabalhar em conjunto com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), logo que as pessoas estejam legais e que se cumpram as medidas impostas pelo Governo português, está tudo bem. Até ao dia de hoje, não temos tido problemas», afirma o dirigente da empresa de transportes.

O empresário Carlos Silva aconselha a todos os portugueses que estejam a pensar em aventurar-se numa viagem até Portugal, sem as devidas atestações de residência, para que não o façam.

“Aconselho todos os portugueses que estejam a pensar viajar, por via terrestre, nos próximos dias, que consultem as redes consulares e/ou embaixada para os devidos esclarecimentos e orientações sobre as atuais condições de viagem para Portugal”, reforça o empresário, chamando à atenção para o fato de ser expressamente proibido toda a simples viagem de visita a Portugal.

O dirigente da empresa Girómundo, que gere cerca de 60 funcionários, confessa à agência Lusa que devido à pandemia provocada pelo coronavírus foi obrigado a tomar medidas para garantir o trabalho dos seus funcionários e evitar futuros despedimentos.

“A grande maioria dos nossos funcionários esteve de férias estes últimos 15 dias e, nos próximos dias, teremos de aderir ao chamado ‘lay-off’ simplificado, com vista a facilitar a redução de salários com o apoio do Estado”, diz o empresário deixando transparecer uma forte preocupação com a situação atual.

“Antes da pandemia fazíamos duas viagens por semana e os autocarros vinham cheios, hoje, reduzimos para uma viagem por semana e os autocarros trazem meia dúzia de pessoas», afirma António Santana, motorista da Girómundo salientando que, em 25 anos de serviço, nunca tinha vivido nada igual.

Detetado em dezembro de 2019, na China, o novo coronavírus já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 59 mil.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 266 mortes, mais 20 do que na véspera (+8,1%), e 10.524 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 638 em relação a sexta-feira (+6,5%).