A zona norte do país continua a ser, de longe, a zona mais afetada pela Covid-19, mas registou-se no boletim divulgado neste domingo, 5 de abril, um aumento percentual mais expressivo na zona de Lisboa e Vale do Tejo quando falamos em confirmações de casos de infeção. Embora partindo de bases numéricas mais reduzidas, destaca-se, também, um aumento percentual mais rápido do número de confirmações no Alentejo e, também, no Algarve.
Por outro lado, entre os 29 dos mortos verificados nas 24 horas de sábado (em que se baseia o boletim deste domingo) 20 dessas vítimas tinham mais de 80 anos de idade, uma faixa etária onde a taxa de mortalidade superou os 13,5% quando calculada entre o número de óbitos e o número de casos confirmados.
Ainda assim, apesar de alguma estabilização em vários indicadores importantes, como o número de casos confirmados e de internamentos, os dados divulgados este domingo (relativos às 24 horas de sábado) registam o segundo maior número de mortes num só dia – 29, só ficando abaixo das 37 mortes do boletim divulgado na última sexta-feira. Eis a análise detalhada dos números conhecidos no boletim divulgado este domingo, 5 de abril.
Número total de casos, mortes e recuperados
Tal como na véspera, o aumento do número de casos confirmados teve apenas um dígito. Houve mais 754 confirmações, fazendo ascender o número total para 11.278 – uma subida diária de 7% depois dos 6% da véspera.
Menos animador, porém, é o aumento do número de mortes – 29 em 24 horas, um registo diário que é o segundo pior desde o início da crise, só superado pelas 37 registadas no boletim de sexta-feira, 3 de abril.
Segundo o Relatório da Direção de Saúde sobre a situação epidemiológica deste sábado, Portugal soma agora 295 vítimas mortais, o que configura uma taxa de mortalidade global de 2,6% (entre confirmações de infeção e registo de mortes).
O número de casos recuperados, desta vez, manteve-se em 75 (depois de ter subido em sete na véspera).
Caracterização dos óbitos
Vinte dos 29 mortos que entraram no boletim deste domingo tinham idade superior a 80 anos, uma faixa etária onde a taxa de mortalidade já supera os 14%.
Entre os restantes novos óbitos, seis tinham entre 70 e 79 anos e três tinham entre 60 e 69. Mantêm-se, no total de mortes registadas até agora (295), oito mortes com 50-59 anos e quatro mortes entre 40 e 49 anos.
No norte, houve mais 17 mortes (158, no total), no centro mais seis óbitos (72, até agora), em Lisboa e Vale do Tejo mais quatro (para 58, no total). Houve, ainda, mais duas mortes no Algarve (sete, agora) ao passo que no Alentejo, Açores e Madeira continua a não haver casos confirmados de morte pela doença Covid-19.
Caracterização do número de casos por região
A zona de Lisboa e Vale do Tejo destacou-se, pelo menos nesta edição diária do boletim, com um aumento mais rápido do número de confirmações: 16%, que compara com a média nacional de 7%.
No norte há 6.530 casos confirmados (eram 6.280 na véspera, subiu 4%), no centro do país o número aumentou para 1.442 casos (mais 5% do que no sábado) nas na zona de Lisboa e Vale do Tejo o número de casos confirmados superou os 2.900 (2.904, em rigor, mais 16% do que os pouco mais de 2.500 de sábado).
Igualmente a destacar, embora partindo de bases mais reduzidas, é o aumento percentual – de 30% – no número de casos diagnosticados no Alentejo: passou de 63 para 82. E, também, no Algarve, onde houve um aumento de 10% para 201 pessoas com infeção confirmada.
Nos Açores o número de casos subiu de 63 para 67 e na Madeira houve mais um caso registado, aumentando para um total até ao momento de 52.
Número de países e casos importados
Há a confirmação de mais 12 casos importados, com mais três casos vindos de França (já são 115), dois do Brasil (20) e um novo infetado vindos de cada um dos seguintes países: Reino Unido (de onde já vieram 63), Espanha (157), Egipto (3) e Emirados Árabes Unidos (41).
Os novos países que surgiram na lista, todos com um caso, são Marrocos, México e Singapura.
Número de casos por grupo etário
Deu-se um grande salto no número de infeções em pessoas com mais de 80 anos, o que se poderá explicar pela maior intensidade de testes feitos em lares de idoses nesta fase. Esse número já subiu para 1.349 pessoas, no total, das quais 190 não resistiram à doença: correspondendo a uma taxa de letalidade de 13,6%.
Em Portugal já existem, também, 1.059 pessoas com entre 70 anos e 79 anos infetadas – e confirmadas – com o novo coronavírus. Aqui a taxa de mortalidade, calculada entre o número de óbitos e as confirmações, cifra-se em cerca de metade: 6,2%
A maior concentração de casos mantém-se entre os 40 e os 59 anos, onde foram confirmados 4.091 casos positivos, cerca de 36,3% dos 11.278 globais no país.
Onde os números continuam a subir, embora mais lentamente, é nas faixas etárias mais jovens. Com menos de nove anos já há 162 casos, mais 12 do que na véspera, embora a diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, tenha indicado este domingo que tem corrido muito bem a recuperação de crianças infetadas, mesmo aquelas que são internadas com um quadro clínico considerado grave. Entre as crianças/jovens entre 10 e 19 há 276 casos confirmados, mais 24 do que no boletim anterior.
Número de casos internados e nos cuidados intensivos
A ministra da Saúde sublinhou, este domingo, que “está a crescer” a pressão sobre os serviços de saúde, mas isso não parece transparecer, para já, nos dados. Depois do aumento exponencial de quinta-feira, em que os casos internados subiram para 1.042 (uma escalada de 44%), nos últimos três dias houve uma relativa estabilização destes números.
Se no sábado havia 1.075 pessoas internadas, esse total subiu ligeiramente para 1.084. Há, também, mais 16 pessoas em Unidades de Cuidados Intensivos (267 no total), embora seja importante sublinhar que este é um aumento bruto que “esconde” o número de mortes ocorridas no mesmo período, que estariam na sua maioria internadas em cuidados intensivos.
Número de casos suspeitos, não confirmados, em vigilância e a aguardar resultados
Teve uma queda de 10% o número de pessoas à espera do resultado do teste à Covid-19, num universo total que caiu para 4.962. Eram mais de 5.500 no sábado, o que poderá indicar uma redução do ritmo de novos testes a serem feitos, à medida que os já feitos anteriormente produziram resultados (positivos ou negativos).
Os casos não confirmados voltaram a aumentar de forma significativa: dos 65.045 indicados na véspera para os 70.130 apresentados este sábado. Os contactos em vigilância pelas autoridades de saúde registaram mais um pequeno aumento, de 22.858 para 23.209.
Número de casos por concelho
Lisboa continua a ser o concelho com mais casos: 681, mais 27 do que apresentado no boletim da véspera. Porto (660), Vila Nova de Gaia (499) e Gondomar (478) são os concelhos que se seguem.
Além destes, existem já outros oito concelhos com mais de duas centenas de casos positivos: Santa Maria da Feira (216), Coimbra (216), Ovar (238), Sintra (269), Braga (349), Valongo (344), Matosinhos (395) e Maia (422).
Caracterização dos casos confirmados por sintomas
A tosse ganhou maior prevalência entre os sintomas manifestados pela pessoas infetadas, surgindo em 60% dos casos. O outro sintoma muito relevante é a febre, com 46%.
Os profissionais de saúde estão, também, a registar que os pacientes têm dores musculares (32%) e cefaleias (29%). Fraqueza generalizada (25%) e dificuldades respiratórias (17%) são os sintomas com menor taxa de incidência.
https://observador.pt/2020/04/05/um-plano-marshall-esta-ao-alcance-da-uniao-europeia-diz-poiares-maduro/