A chanceler alemã Angela Merkel defendeu esta segunda-feira que ainda não chegou a altura de pensar em aliviar as medidas de contenção tomadas no país para evitar a propagação do novo coronavírus. Merkel defendeu ainda que a União Europeia tem de agir concertadamente para conseguir vir a sair da crise provocada pela pandemia e vincou que o bloco europeu, que enfrenta “o maior teste” da sua história desde a fundação da UE em 1957, precisa de começar a ser “auto-suficiente” na produção de máscaras.

A chanceler alemã falou em conferência de imprensa, agora que já está novamente a trabalhar normalmente depois de um período de isolamento e de ter sido testada pelas autoridades de saúde do país à Covid-19, com resultados negativos, nota a estação germânica Deutsche Welle. Foi a primeira aparição pública de Merkel desde a quarentena voluntária a que se submeteu.

Contrariamente ao que anunciou, por exemplo, o chanceler austríaco Sebastian Kurz, que disse esta segunda-feira que pretende levantar algumas restrições na próxima semana com a reabertura de algumas lojas (e com a abertura generalizada de lojas, centros comerciais e cabeleireiros a 1 de maio, embora com cuidados acrescidos no funcionamento), Merkel defende que ainda é cedo para pensar em datas para aliviar as medidas tomadas. “O nosso objetivo é evitar assoberbar o nosso sistema de saúde”, vincou, sublinhando que a prioridade absoluta no país passa pela saúde da população e não pela economia.

Angela Merkel a falar esta segunda-feira, em conferência de imprensa (@ Christian Marquardt – Pool/Getty Images)

Na passada sexta-feira, a Organização Mundial de Saúde tinha alertado os países que levantar restrições demasiado cedo pode levar a crise ainda pior. “Se os países se apressarem para levantar as restrições demasiado rápido, o vírus pode ressurgir e o impacto económico pode ser ainda mais grave e mais prolongado”, lembrou o diretor-geral da organização. A OMS, contudo, também tinha defendido anteriormente que era importante os Governos manterem “as suas populações informadas” relativamente à “duração esperada das medidas” que tomam.

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O “maior teste” desde a fundação da UE, em 1957

Além de evitar para já avançar com qualquer data para o alívio das restrições impostas no país para tentar responder à propagação da pandemia, Merkel afirmou esta segunda-feira, de acordo com o Deutsche Welle, que a União Europeia enfrenta o “maior teste” na sua história, até por a crise do coronavírus ter implicações profundas quer na saúde das populações, quer na economia. Trata-se da sua “opinião”, alertou Merkel, mas todos os Estados-membro estão a ser “afetados” e é um “choque simétrico”, que atinge todos.

A chanceler alemã pareceu ainda enviar uma mensagem de oposição à divisão na União Europeia e à tentação de países que possam pensar nos seus interesses nacionais relegando os interesses europeus para segundo plano, afirmando: “A Alemanha só se dará bem a longo prazo se a Europa se der bem”. Merkel terá falado com “outros líderes europeus” esta segunda-feira e na conferência de imprensa disse: “Toda a gente [na Europa] é igualmente afetada e deve ser do interesse de todos, e é do interesse da Alemanha, que a Europa consiga emergir com força deste teste”.