O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) pretende sequenciar mil genomas da Covid-19 para identificar e monitorizar as cadeias de transmissão e encontrar novas introduções do vírus em Portugal, anunciou hoje a instituição.
O projeto de âmbito nacional conta com a colaboração de uma rede de cerca de 20 hospitais de Portugal continental e regiões autónomas da Madeira e Açores, explica o INSA em comunicado. O “estudo da diversidade genética do novo coronavírus em Portugal” é coordenado pelo investigador do Departamento de Doenças Infecciosas do INSA, João Paulo Gomes.
O objetivo é determinar os perfis mutacionais da Covid-19, bem como a sua identificação e monitorização de cadeias de transmissão e ainda a identificação de novas introduções do vírus no país, acrescenta o comunicado.
Este trabalho de investigação pretende, numa primeira fase, sequenciar o genoma de cerca de mil coronavírus SARS-CoV-2″, destaca.
Os estudos focados no genoma do novo coronavírus “permitirão ainda determinar o início da transmissão na comunidade e aferir sobre o impacto das medidas de contenção”. Outro dos objetivos da investigação será determinar possíveis associações entre perfis mutacionais e diferentes graus de severidade da doença, adianta o comunicado do Instituto Ricardo Jorge.
O estudo irá procurar ainda a determinação do grau de variabilidade genética de antigénios, as proteínas do vírus que induzem uma resposta do sistema imunitário dos infetados, e de proteínas do coronavírus que são alvos de fármacos antivirais.
Esta recolha de informação poderá determinar o possível impacto no desenvolvimento de medidas profiláticas (vacinas) e de medidas terapêuticas, explica o comunicado.
Segundo o organismo, este trabalho vai de encontro às orientações das autoridades de saúde e da comunidade científica internacional.
O Instituto Ricardo Jorge, que submeteu um pedido de financiamento à Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e à Agência de Investigação Clínica e Inovação Biomédica (AICIB), criou já um sítio na Internet onde estão disponíveis todos os resultados obtidos e que “será atualizado à medida que existirem mais dados”.
O comunicado revela também que até agora foram analisados cerca de 100 genomas da Covid-19 “obtidos de amostras positivas colhidas em vários pontos do país”.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou cerca de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 80 mil.
Em Portugal, segundo o balanço feito esta terça-feira pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 345 mortes, mais 34 do que na véspera (+10,9%), e 12.442 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 712 em relação a segunda-feira (+6%). Dos infetados, 1.180 estão internados, 271 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 184 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 2 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 0h de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.