O TV Fest, iniciativa do Ministério da Cultura, em parceria com a RTP, para apoiar a música portuguesa em um milhão de euros, que tinha estreia prevista para esta quinta-feira à noite, foi suspenso pelo Governo. A medida foi anunciada esta quarta-feira pelo Governo, mas logo gerou uma onda de críticas e muita polémica.

“Como o setor reagiu tão rapidamente, com críticas, dúvidas e questões, nós vamos suspender [o TV Fest], ia estrear hoje, será suspenso hoje. Vamos repensar e perceber exatamente como manter este nosso objetivo de apoiar o setor da música e os técnicos e, ao mesmo tempo, dar a possibilidade de as pessoas receberem em sua casa música portuguesa”, afirmou hoje a ministra da Cultura, Graça Fonseca, em declarações à Lusa.

De acordo com a ministra, seriam abrangidos “160 músicos”, “de todos os estilos musicais”, a quem era pedido que “envolvessem sempre equipas técnicas”, o que significaria o envolvimento de “cerca de 700 técnicos”, ao longo dos vários programas. Graça Fonseca explicou que estavam já gravados quatro programas e que “suspender o projeto para repensar não significa não retribuir aos 12 músicos que já trabalharam”.

Fernando Tordo, Marisa Liz, Ricardo Ribeiro e Rita Guerra foram os quatro cantores escolhidos por Júlio Isidro, apresentador o festival, mas caberia a cada um destes quatro artistas fazer a seleção dos seguintes protagonistas — sempre quatro em cada programa – criando uma espécie de corrente.

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Petição pede o cancelamento do TV Fest, a iniciativa do Governo para apoiar a música portuguesa com 1 milhão de euros

Esta quarta-feira foi criada uma petição a pedir o cancelamento deste festival, que até ao momento já conta com mais de 18 mil assinaturas.

“A realização do TV Fest, no presente estado de emergência, constitui uma ameaça ao ecossistema cultural português que elimina curadores, diretores artísticos, músicos, técnicos e os demais, operando através de um jogo em corrente exclusivo, e de círculo fechado, aos seus participantes artísticos, que desclassifica a participação, representatividade e diversidade de um sector, constituindo uma medida antidemocrática e não inclusiva.”

Segundo o manifesto, o Ministério da Cultura “não pode, em qualquer instância, criar um festival de música portuguesa, para apoiar músicos e técnicos”, pois “não cabe ao Estado criar eventos de cultura”. Os subscritores pedem o “cancelamento imediato” do TV Fest, bem como de qualquer medida “que fomente disparidades, competição e desigualdade no acesso”.

Em suma, a petição exige “imparcialidade, justiça e transparência absoluta sobre todos os critérios de atribuição e distribuição de oportunidades e fundos públicos”. Mas também pede “inclusão, atenção e cuidado e a procura de uma resposta comprometida com a realidade dos agentes culturais do país que trabalham diariamente pela cultura portuguesa”.