Mais 888 pessoas morreram por infeção pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas no Reino Unido, anunciou este sábado o governo britânico. O número de fatalidades provocadas pela Covid-19 sobe assim a 15.464. Em conferência de imprensa, o secretário de Estado das comunidades Robert Jenrick adjetivou a situação britânica como “de partir o coração”: “É correto que o trabalho e a tolerância do público britânico estão a valer a pena. As taxas de transmissão estão a cair. Mas o número de mortes é grave”, afirmou.

Um estudo do Centro Nacional de Investigação e Auditoria de Cuidados Intensivos (ICNARC) publicado na sexta-feira revelou que 34,5% dos pacientes diagnosticados com Covid-19 em cuidados intensivos eram negros, asiáticos ou pertencentes a uma minoria étnica — um grupo de minorias normalmente chamado “BAME (sigla inglesa para negros, asiáticos e minorias étnicas) — , apesar de representarem apenas 13% da população em geral.

Mais: estima-se também que 68% dos 57 profissionais de saúde que morreram após o contágio com o novo coronavírus são classificados como BAME, cuja comunidade representa uma grande parte do quadro de pessoal do serviço de saúde público britânico (NHS), adiantou este sábado o jornal The Guardian.

E as minorias estão a ser mais atingidas pela Covid-19 no Reino Unido, tal como está a acontecer nos Estados Unidos. Robert Jenrick confirmou que “parece haver um impacto desproporcionado na comunidade negra, asiática e nas minorias étnicas”. Para combater o problema, o governo está a “trabalhar com o Departamento de Saúde Pública para compreender melhor a questão”. Em causa está a realização de uma investigação profunda para perceber melhor e tomar as decisões necessárias.

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Também o diretor clínico da direção de saúde de Inglaterra (NHS England), Stephen Powis, manifestou estar “muito preocupado” com a situação e disse ser essencial “perceber melhor a razão para existir um risco mais agravado de casos e mortes em certas comunidades étnicas”.

Governo responde às críticas sobre falta de equipamento

Robert Jenrick anunciou que há 84 toneladas de equipamento de proteção individual a caminho do Reino Unido e vindas da Turquia, incluindo 400 mil fatos para os profissionais de saúde. O carregamento deve chegar a Inglaterra este fim de semana.

No entanto, questionado sobre os ventiladores ao serviço do Sistema Nacional de Saúde, o secretário de Estado garantiu que o número é suficiente. De acordo com Robert Jenrick, há 10.606 ventiladores disponíveis, 190 dos quais produzidos nos últimos dias pela indústria britânica.

As palavras do secretário de Estado surgem em resposta  às críticas de sindicatos dos profissionais de saúde sobre a falta de equipamento de proteção, nomeadamente de batas. “A procura é muito alta. Também estamos a trabalhar com fabricantes britânicos para poderem fazer uma contribuição”, justificou Robert Jenrick.

Também Chris Hopson, presidente do NHS Providers, que representa os hospitais públicos em Inglaterra, disse este sábado na rede social Twitter que, embora exista equipamento como luvas e viseiras, alguns hospitais vão deixar de ter batas “nas próximas 24 a 48 horas”.

7.500 pessoas morreram em lares — estimativa

O Daily Telegraph publicou este sábado uma estimativa da Care England, organização representativa das Casas de Repouso independentes, que calcula de que cerca de 7.500 pessoas poderão ter morrido nos lares de terceira idade do Reino Unido em consequência da pandemia covid-19.

As mortes de pessoas infetadas fora dos hospitais não estão atualmente a ser coligidas e juntas ao balanço diário, mas são registadas semanalmente pelo instituto de estatísticas britânico com base na referência ao novo coronavírus nas certidões de óbito.