O canoísta olímpico Hélder Silva combate a covid-19 com a mulher na GNR, profissão que representa um risco ainda mais agravado com a necessidade de deixar o filho de 19 meses com os sogros.

“É complicado, às vezes, quando vamos trabalhar os dois e, com as escolas fechadas, temos de deixar o nosso filho em algum lado, neste caso nos meus sogros. Temos um bocado de receio, pois o miúdo está connosco e depois vai para lá…”, desabafa.

Hélder Silva está habitualmente nos serviços administrativos do comando territorial de Braga, contudo, nesta fase, já fez patrulha em Famalicão, para garantir que a população cumpre com o confinamento decretado pelo Estado.

“Foi uma operação para controlar as pessoas, as saídas de casa a ver se alguém estava a incorrer em infração. Sair de casa sem motivos”, esclarece o canoísta, que, no Rio2016, acabou em 14.º em canoas C1 200.

O guarda Silva garante que a ação não é para “complicar a vida a ninguém”, somente para “alertar” e fazer as pessoas “verem que isto é a sério”, que a GNR e a situação “não são para brincar”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em Braga, as equipas em função nos serviços administrativos da guarda foram reduzidas para quatro elementos, em grupos fixos, para reduzir o risco de contágio, até com os colegas: Hélder Silva enfrenta as mesmas dúvidas em casa, pois a mulher é GNR no comando territorial de Viana do Castelo e diariamente faz patrulha.

“Se calhar, até é mais perigoso trabalhar em gabinete fechado. Sim, tenho receio de poder ser contaminado, tenho muito cuidado”, admite, sendo que não pode baixar a guarda, nem na GNR, nem em casa.

Estes tempos mais exigentes obrigaram-no a reduzir os treinos de bidiários para simplesmente um ao fim do dia, situação que não é tão grave, porque os Jogos Olímpicos, para os quais ainda não está qualificado, foram adiados para 2021 devido à pandemia da covid-19.

Hélder Silva tem 32 anos e admite que “pela idade é mau” o adiamento, contudo, uma vez que a distância olímpica passou dos seus favoritos 200 metros para os 1000, vai ter mais um ano para se adaptar.

“Pela idade, acho que é mau. Mas, como em 2017 passei dos 200 para os 1000, mais um ano a treinar esta distância não é assim tão mau. Há que ver o lado positivo. Há que treinar”, diz.

O atleta já percebeu que este ano não vai haver provas internacionais de canoagem, porém espera poder defender o seu título nacional em C1 1000 nos campeonatos de Portugal, que vão decorrer em 15 de agosto em Montemor-o-Velho.

“Até lá, os portugueses que fiquem em casa, se puderem, pois há quem não o possa fazer. Que isto passe rápido para estarmos todos com os nossos filhos, com os nossos pais”, desejou.