O grupo de 169 cidadãos estrangeiros proveniente do hostel na Rua Morais Soares, em Lisboa, chegou esta terça-feira, às 1h25, à base aérea da Ota, em Alenquer, onde está “devidamente acomodado e em segurança” em isolamento profilático.

De acordo com informação do gabinete da secretária de Estado para a Integração e as Migrações enviada esta terça-feira à Lusa, o Alto Comissariado para as Migrações (ACM) “está, desde sábado, a acompanhar a situação dos requerentes de asilo e refugiados”, que se encontravam num hostel em Lisboa evacuado no domingo devido a um caso positivo a Covid-19. A este caso somaram-se entretanto mais de uma centena.

Segundo a mesma nota, o ACM está a trabalhar em articulação com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, a Câmara Municipal de Lisboa, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, o Instituto Nacional de Emergência Médica, a Autoridade de Saúde Pública e o Conselho Português para os Refugiados.

Dado tratar-se de um grupo diverso, “constituído por 29 nacionalidades”, o ACM disponibilizou “apoio de tradução e mediação durante a operação que ocorreu no domingo“.

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“Ontem [segunda-feira], os requerentes de asilo e refugiados que ocupavam o hostel da Rua Morais Soares, em Lisboa, foram transferidos para as instalações do Centro de Formação Militar e Técnica da Força Aérea, a antiga Base Aérea n.º 2, na Ota, numa operação conjunta” de diversas entidades, refere a nota.

Com esta transferência, acrescenta a secretaria de Estado, “todas as pessoas ficarão devidamente acomodadas e em segurança, de forma a que possam cumprir o necessário e obrigatório isolamento profilático”.

De acordo com o vereador da Proteção Civil da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Castro, foram transportados 169 cidadãos estrangeiros, dos quais 136 testaram positivo à presença do novo coronavírus (SARS-CoV-2), sete cujos resultados foram inconclusivos e 26 cujos resultados dos testes foram negativos. Estas pessoas permanecerão em isolamento, durante duas semanas, nas instalações da Base Aérea da Ota, concelho de Alenquer, distrito de Lisboa.

Questionado pela agência Lusa sobre a razão pela qual o transporte destes cidadãos apenas se iniciou depois das 0h20, Carlos Castro explicou que o processo “demorou o tempo que foi necessário para se fazer com total segurança”, não só para estas pessoas, mas também para os profissionais de saúde e elementos das forças de segurança responsáveis pela operação. Na segunda-feira, o presidente da Câmara de Alenquer, Pedro Folgado, afirmou que esta base aérea dispõe de 500 camas preparadas para acolher pessoas com a doença Covid-19.

O caso remonta a domingo, quando o número de hóspedes infetados hostel Aykibom Hostel era apontado para os 138, cenário que obrigaria nessa mesma manhã a evacuação do espaço. Ao final da tarde de segunda-feira, pelo menos parte dos hóspedes tinha sido deslocada para a Pousada da Juventude – Lisboa Centro, em Picoas. A 19 de março, a Pousada da Juventude lisboeta encerrou e as instalações foram cedidas às autoridades, para apoiar no combate à propagação da pandemia do novo coronavírus no país, explicou fonte da empresa gestora ao Observador. Seguiu-se então a solução da base aérea da Ota.

Hóspedes foram retirados do hostel no domingo de manhã

Durante a manhã de domingo foram retiradas 170 pessoas do Aykibom Hostel, no número 173 da Rua Morais Soares. Todos eles, segundo o que o autarca disse à RTP3, são refugiados. “Estão aqui no nosso país. Portanto, fazemos esta dimensão de salvaguarda pela sua saúde, mas também na salvaguarda de todas as pessoas que vivem aqui na Morais Soares”, esclareceu.

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A evacuação começou pelas 7h, e envolveu mais de 100 operacionais, entre PSP, Polícia Municipal, INEM, bombeiros, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Alto Comissariado para as Migrações e Conselho Português para os Refugiados, explicou o vereador da Proteção Civil Municipal de Lisboa, Carlos Castro.

Além disso, houve “tradutores que estão a ajudar as equipas de saúde para estabelecer a comunicação com os hóspedes e explicar o que está a acontecer”, disse ainda o vereador da Proteção Civil municipal.

A operação foi decidida e preparada depois de se ter registado um caso positivo para o novo coronavírus, confirmado na última semana. Esse caso já estava fora das instalações do hostel e em isolamento. Todos os outros casos suspeitos foram levados para o edifício da Mesquita Central de Lisboa, para serem submetidas a testes de despiste para o SARS-CoV-2.

Já na segunda-feira e com o número de infetados atualizado, os hóspedes e funcionários que não estavam contaminados regressariam ao Aykibom — que tem cerca de 40 quartos, repartidos por vários andares, e que foi entretanto desinfetado.

O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, confirmou na segunda-feira ao jornal Público que a base aérea da Ota ia receber 165 dos cerca de 200 imigrantes e refugiados evacuados, uma vez que o Centro de Formação Militar e Técnica da Força Aérea foi transformado em centro de acolhimento para doentes por estar atualmente sem alunos.

(Artigo atualizado esta terça-feira com a informação do gabinete da secretária de Estado para a Integração e as Migrações)