Eduardo Ferro Rodrigues defende, em entrevista ao jornal Público esta quinta-feira, que “não haja cortes drásticos” em termos de investimento público em infraestruturas, apesar da crise que se avizinha, uma vez que a União Europeia tem “vontade” de “apoiar esses investimentos que permitem que as economias sobrevivam”. Para o Presidente da Assembleia da República, e deputado socialista, “se esta crise demonstrou alguma coisa, foi a importância do sector público”.

O mesmo para os aumentos salariais na função pública, que estavam previstos para este ano, e que “sendo de tal maneira pouco significativos”, Ferro entende que não há motivos para não serem implementados. Coisa diferente são os aumentos mais robustos prometidos para 2021, que, diz, têm de ser alvo de “reconsideração” uma vez que as “prioridades em matéria orçamental” deverão ser outras.

Defendendo que “o espírito de coesão democrática no Parlamento tem vindo a aumentar, e não a diminuir”, Ferro Rodrigues deixa elogios rasgados a Rui Rio, que já conhece desde “o século passado”, que é “um homem sério” e que “está de boa fé”. “Tenho apreciado bastante e até, digamos, tenho-me sentido reconhecido pela posição política que o dr. Rui Rio tem tomado em todo este contexto”, diz, sublinhando que acredita que o líder do PSD possa viabilizar os próximos orçamentos, ainda que “não podemos pedir que assine cheques em brando”. Até porque há autárquicas importantes em 2021.

25 de Abril. Menos de 50 deputados e 25 a 30 convidados. “Problema vai ser preencher AR de forma digna”

Já quanto à polémica em torno da sessão solene do 25 de Abril no Parlamento, Ferro revela mesmo que o modelo da celebração lhe foi proposto pelo PSD, criticando aqueles que têm atacado o facto de o Parlamento se preparar para realizar um plenário evocativo da data. “Os mesmos que atacaram a cerimónia” do 25 de Abril vão dizer que “foi um fracasso porque estava pouca gente”, adivinha.

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“Faria muito pouco sentido a AR estar ao serviço do país para votar três estados de emergência e, depois, fechar no dia 25 de Abril. Seria qualquer coisa de incompreensível para toda a gente”, diz na mesma entrevista, sublinhando que há um risco global de as forças políticas de “extrema-direita” virem a ganhar o jogo do medo e do combate às instituições democráticas. Daí que seja preciso provar que “a democracia está viva”.

Quanto ao número de convidados, Ferro diz que estarão menos de 100 pessoas na sessão, uma vez que, por um lado, o PS e o PSD reduziram o número de deputados que podiam convocar, prevendo-se “menos do que 50 deputados no plenário”, e, por outro, o número de convidados externos que aceitou estar presente também será inferior ao inicialmente estimado (“entre 25 e 30 convidados”). O uso de máscara não será obrigatório, porque “nunca foi” e não há indicações da DGR nesse sentido, e o problema, segundo Ferro, “vai ser preencher, de forma digna, esta Assembleia da República”.