Remdesivir, um dos mais promissores medicamentos no combate à infeção pelo novo coronavírus, fracassou em novos testes clínicos realizados, segundo noticiou o Financial Times, que teve acesso a documentos publicados acidentalmente pela Organização Mundial de Saúde. Desenvolvido pela californiana Gilead Sciences, o antiviral representava uma das esperanças da comunidade científica em conseguir tratar a Covid-19 a médio prazo.

O estudo em questão foi feito na China e concluiu que o Remdesivir não melhorou o estado de saúde dos pacientes, nem reduziu a presença do elemento patológico na corrente sanguínea. No total, o medicamento foi administrado a 158 pessoas infetadas com o novo coronavírus. O progresso destes doentes foi depois comparado com o de 79 pessoas infetadas a quem não foi dada a substância.

Na posse da OMS, as conclusões do estudo encontra-se ainda a ser sujeito à revisão de outros investigadores. Contudo, a organização disponibilizou, por lapso, este documento preliminar. “A pedido da OMS, para que informações e estudos fossem partilhados rapidamente, um documento preliminar foi fornecido pelos autores do estudo, inadvertidamente publicado no site e retirado assim que o erro foi detetado”, esclareceu a Organização Mundial de Saúde.

Em reação ao estudo, a Gilead apontou para resultados inconclusivos, embora tenha destacado o “potencial benéfico do Remdesivir, sobretudo entre os pacientes tratados no início da doença”. Fez ainda referência ao facto de o estudo ter sido concluído antes do previsto, devido à pequena dimensão da amostra. Pela primeira vez sujeito a um estudo aleatório, alinhado com os mais rígidos padrões científicos, o medicamento continua a ser alvo de outros estudos, havendo assim a possibilidade de recolher dados adicionais para perceber se será ou não eficaz no tratamento da Covid-19.

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Remdesivir. Será este o medicamento que vai tratar os infetados com o novo coronavírus?

Entre os estudos anteriormente feitos está um levado a cabo pela Universidade de Medicina de Chicago, que, pelas conclusões positivas, ajudou a impulsionar o mercado de ações, trazendo para mais perto a esperança de ver as economias reabertas em breve. Contudo, tanto os investigadores como a farmacêutica alertaram no sentido de não tirar conclusões apressadas sobre este medicamento, originalmente concebido para combater o Ébola. Curiosamente, nesse sentido, a sua eficácia nunca foi comprovada.

Mas esta não foi a única experiência cujas conclusões abonar a favor do medicamento da Gilead. No início deste mês, o New England Journal of Medicine apresentou os resultados positivos de um estudo não oficial, com 68% dos pacientes e apresentarem melhorias após lhes ter sido administrado Remdesivir.