Ainda é cedo para tirar qualquer conclusão, mas vários doentes com Covid-19 que tomaram um medicamento experimental nos EUA tiveram bons resultados, de acordo com as televisões CNN e a CNBC, que citam o Stat News, jornal americano dedicado a questões de saúde.

Os pacientes que tomaram o medicamento Remdesivir, da Gilead — em testes feitos com a Universidade de Medicina de Chicago — tiveram uma recuperação rápida, tendo vários deles regressado a casa no espaço de apenas alguns dias. Todos apresentavam febre e sintomas respiratórios agudos.

A informação foi obtida através de um vídeo, divulgado sem autorização, que mostra uma conversa de especialistas sobre os ensaios clínicos. Nele pode constatar-se a satisfação de Kathleen Mullane, especialista em doenças infeciosas da Universidade de Chicago, que está a dirigir os testes: “A boa notícia é que a maioria dos nossos pacientes já recebeu alta, o que é ótimo. Tivemos apenas duas mortes”, revelou aos restantes especialistas. “A maioria dos nossos pacientes estava em condição grave e a maioria saiu em seis dias, o que indica que a duração da terapia não precisa ser de 10 dias”, disse ainda.

Tanto a Gilead como a universidade alertam, no entanto, que é cedo para tirar conclusões. “É preciso analisar a totalidade dos dados para se chegar a alguma conclusão dos testes”, disse a empresa em comunicado enviado à agência Reuters, empurrando os resultados finais dos testes para o final deste mês.

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Também em comunicado, a Universidade de Medicina de Chicago avisou que “é prematuro e cientificamente infundado tirar qualquer conclusão neste momento”, porque “dados parciais de um teste clínico são, por definição, incompletos”.

O Remdesivir tem sido visto como uma das esperanças para combater a doença. “Há apenas um medicamento que acreditamos ter eficácia real neste momento — é o Remdesivir, de que já devem ter ouvido falar”, disse no início de março o médico que liderou a equipa da Organização Mundial de Saúde enviada à China.

Remdesivir. Será este o medicamento que vai tratar os infetados com o novo coronavírus?

O medicamento da Gilead já foi testado contra o Ébola, mas sem sucesso, embora vários testes feitos em animais tenham mostrado eficácia no combate a outros coronavírus, como o SARS e o MERS.

Um dos problemas, neste caso, é que os testes não incluem grupos de controlo (não participante nos testes) para perceber se o medicamento está, de facto, a apresentar resultados positivos.

Vários analistas de saúde de bancos de investimento, citados pela televisão norte-americana CNBC, são unânimes em ver estes testes como “promissores”, mas, tal como a Gilead e a Universidade de Medicina de Chicago, evitam tirar conclusões apressadas.