Primeiro um encontro com os presidentes do Comité Olímpico de Portugal, do Comité Paralímpico de Portugal e da Confederação do Desporto de Portugal, Carlos Paula Cardoso. Logo a seguir, uma reunião com os líderes da Liga de Clubes e da Federação Portuguesa de Futebol e também dos três “grandes”, Benfica, FC Porto e Sporting. De um lado o governo, do outro alguns dos principais intérpretes de órgãos e clubes. São Bento concentrou esta tarde muitas das decisões a curto e médio prazo no desporto, que terão caminhos distintos a percorrer.

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Assim, e enquanto será tudo feito para que, respeitando um plano de ação e garantidas as condições de segurança, exista a possibilidade de acabar a temporada em curso no futebol, com a realização dos dez jogos que faltam no Campeonato, as restantes modalidades de pavilhão deverão terminar desde já a época sem atribuição de título, à semelhança do que aconteceu com o futsal. Até porque só o investimento que teria de ser feito parar criar condições não compensaria os eventuais benefícios. A decisão não é ainda definitiva mas só haverá uma possível inversão caso sejam encontradas formas de cumprir todas as normas previstas nos planos de regresso.

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Ou seja, dentro de um enquadramento que será feito em articulação com o Instituto Português do Desporto e da Juventude, todas as modalidades que não o futebol terão os seus planos de reabertura gradual de atividade, sendo que a diferença existente nas modalidades coletivas prende-se com o facto de serem de pavilhão ou ao ar livre. Existem já vários casos internacionais nesse sentido, com o hóquei em patins a cancelar a Liga dos Campeões de clubes e o andebol a passar a Final Four da Liga dos Campeões para dezembro com os quatro melhores clubes.

De recordar que, no futebol, existem já duas realidades distintas: todas as provas amadoras de futebol e futsal, masculino e feminino, de seniores e de formação, já foram dadas como concluídas sem atribuição de título de campeão (ficando ainda por saber quem sobe à Segunda Liga de futebol e quem representa o país nas competições europeias de futsal e futebol feminino), ao passo que os dois campeonatos profissionais continuam a trabalhar num plano de ação para poderem regressar ao ativo, num modelo já definido: duas semanas de trabalhos individuais, duas semanas de treinos em grupo e sete semanas para as dez jornadas em falta. Sob pena de poder haver ainda alterações, a ideia passava por voltar a jogar no início de junho para terminar a Liga antes de agosto.

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“As condições para a retoma estão dependentes do parecer da autoridade de saúde. Vai ser muito baseado nesse parecer. Importa criar as condições para criar a retoma e não pará-la depois novamente. E essas condições têm de ser acertadas para continuarmos a dar o exemplo ao mundo de como combater a pandemia. Na próxima quinta-feira, quando o primeiro-ministro anunciar a retoma, transmitirá se estão criadas as condições para essa retoma. Esse era o nosso propósito hoje chamar a atenção para o interesse em reatar esta indústria se as autoridades de saúde derem a sua aprovação mas qualquer decisão e a retoma têm de ser feitas com prudência. Menos estádios? Enquadra-se tudo na avaliação do risco”, disse no final da reunião Fernando Gomes, líder da Federação.

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Esta terça-feira, surgiu também uma proposta conjunta de Aveiro, Coimbra, Leiria e Santarém para receberem todos os jogos da Primeira e Segunda Liga, neste caso dez jornadas cada. “Tendo em atenção a qualidade das infraestruturas desportivas, a boa capacidade hoteleira, das unidades de saúde e da rede viária, bem como a proximidade entre Aveiro, Coimbra, Leiria e Santarém, propõe e disponibilizam toda a colaboração necessária de forma a que as jornadas a realizar das referidas competições tenham como ponto nevrálgico estas quatro regiões, pois, entre outras, a maior dimensão dos recintos desportivos permite que estejam perfeitamente enquadrados na ótica do distanciamento social que teremos de continuar a cumprir”, referiram em comunicado.

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Por saber ficou a dimensão financeira do impacto da pandemia no futebol profissional e amador (que será agora adensada com o não pagamento por parte das operadoras do mês de abril, que deverá prolongar-se a maio), bem como as possíveis soluções para equilibrar um momento em que vários clubes cortaram ordenados ou entraram mesmo em regime de lay-off, total ou parcial por suspensão de trabalho ou redução horária.

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No final do primeiro encontro, e através de comunicado, o Comité Olímpico de Portugal, liderado por José Manuel Constantino, explicou que entregou ao primeiro-ministro, António Costa, um documento no qual é salvaguardado que a retoma da atividade desportiva “não poderá ser feita sem que se encontre o importante equilíbrio entre esse regresso e a segurança que o mesmo tem de garantir a atletas, demais agentes desportivos e ao público em geral”. Em paralelo, o COP avançou também com o pedido de criação “de uma unidade de acompanhamento com representantes do universo desportivo, municípios e autoridades governamentais na área da saúde e do desporto, tendo em vista discutir e apresentar soluções transversais, sem deixar de atender às especificidades de cada modalidade desportiva”, ainda em relação a uma vertente mais desportiva.

No plano económico, o COP manifestou que “é indispensável que as medidas governamentais de apoio à atividade económica não excluam o desporto e os seus agentes e, nessa medida, permitam a estes o acesso aos diferentes programas de apoio disponíveis e a disponibilizar”, recordou a importância de “garantir a transitoriedade dos saldos que existam ou venham a existir, ainda que sempre devidamente justificados junto da administração pública desportiva” em relação aos contratos-programa com os atletas e sugeriu “a criação de um programa específico para o desporto, gerido pelo Instituto Português do Desporto e Juventude, que permita um acesso desburocratizado e célere aos apoios ou incentivos que resultarem das decisões governamentais”.

“O cancelamento generalizado das competições desportivas pôs em risco a sustentabilidade de grande parte das organizações que compõem a pirâmide do sistema desportivo nacional. Da base ao topo”, ressalvou.