Primeiro um encontro com os presidentes do Comité Olímpico de Portugal, do Comité Paralímpico de Portugal e da Confederação do Desporto de Portugal, Carlos Paula Cardoso. Logo a seguir, uma reunião com os líderes da Liga de Clubes e da Federação Portuguesa de Futebol e também dos três “grandes”, Benfica, FC Porto e Sporting. De um lado o governo, do outro alguns dos principais intérpretes de órgãos e clubes. São Bento concentrou esta tarde muitas das decisões a curto e médio prazo no desporto, que terão caminhos distintos a percorrer.
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Assim, e enquanto será tudo feito para que, respeitando um plano de ação e garantidas as condições de segurança, exista a possibilidade de acabar a temporada em curso no futebol, com a realização dos dez jogos que faltam no Campeonato, as restantes modalidades de pavilhão deverão terminar desde já a época sem atribuição de título, à semelhança do que aconteceu com o futsal. Até porque só o investimento que teria de ser feito parar criar condições não compensaria os eventuais benefícios. A decisão não é ainda definitiva mas só haverá uma possível inversão caso sejam encontradas formas de cumprir todas as normas previstas nos planos de regresso.
Ou seja, dentro de um enquadramento que será feito em articulação com o Instituto Português do Desporto e da Juventude, todas as modalidades que não o futebol terão os seus planos de reabertura gradual de atividade, sendo que a diferença existente nas modalidades coletivas prende-se com o facto de serem de pavilhão ou ao ar livre. Existem já vários casos internacionais nesse sentido, com o hóquei em patins a cancelar a Liga dos Campeões de clubes e o andebol a passar a Final Four da Liga dos Campeões para dezembro com os quatro melhores clubes.
O futebol é mesmo o desporto Rei. A vontade que sentimos de voltar a assistir ao vivo a um jogo de futebol e de vibrarmos com os golos da nossa @selecaoportugal é imensa. Sendo essa, acredito, a nossa vontade coletiva, essa decisão não pode ser emocional nem tomada de impulso. pic.twitter.com/yIBl5JWLTi
— António Costa (@antoniocostapm) April 28, 2020
De recordar que, no futebol, existem já duas realidades distintas: todas as provas amadoras de futebol e futsal, masculino e feminino, de seniores e de formação, já foram dadas como concluídas sem atribuição de título de campeão (ficando ainda por saber quem sobe à Segunda Liga de futebol e quem representa o país nas competições europeias de futsal e futebol feminino), ao passo que os dois campeonatos profissionais continuam a trabalhar num plano de ação para poderem regressar ao ativo, num modelo já definido: duas semanas de trabalhos individuais, duas semanas de treinos em grupo e sete semanas para as dez jornadas em falta. Sob pena de poder haver ainda alterações, a ideia passava por voltar a jogar no início de junho para terminar a Liga antes de agosto.
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“As condições para a retoma estão dependentes do parecer da autoridade de saúde. Vai ser muito baseado nesse parecer. Importa criar as condições para criar a retoma e não pará-la depois novamente. E essas condições têm de ser acertadas para continuarmos a dar o exemplo ao mundo de como combater a pandemia. Na próxima quinta-feira, quando o primeiro-ministro anunciar a retoma, transmitirá se estão criadas as condições para essa retoma. Esse era o nosso propósito hoje chamar a atenção para o interesse em reatar esta indústria se as autoridades de saúde derem a sua aprovação mas qualquer decisão e a retoma têm de ser feitas com prudência. Menos estádios? Enquadra-se tudo na avaliação do risco”, disse no final da reunião Fernando Gomes, líder da Federação.
Esta terça-feira, surgiu também uma proposta conjunta de Aveiro, Coimbra, Leiria e Santarém para receberem todos os jogos da Primeira e Segunda Liga, neste caso dez jornadas cada. “Tendo em atenção a qualidade das infraestruturas desportivas, a boa capacidade hoteleira, das unidades de saúde e da rede viária, bem como a proximidade entre Aveiro, Coimbra, Leiria e Santarém, propõe e disponibilizam toda a colaboração necessária de forma a que as jornadas a realizar das referidas competições tenham como ponto nevrálgico estas quatro regiões, pois, entre outras, a maior dimensão dos recintos desportivos permite que estejam perfeitamente enquadrados na ótica do distanciamento social que teremos de continuar a cumprir”, referiram em comunicado.
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Por saber ficou a dimensão financeira do impacto da pandemia no futebol profissional e amador (que será agora adensada com o não pagamento por parte das operadoras do mês de abril, que deverá prolongar-se a maio), bem como as possíveis soluções para equilibrar um momento em que vários clubes cortaram ordenados ou entraram mesmo em regime de lay-off, total ou parcial por suspensão de trabalho ou redução horária.
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No final do primeiro encontro, e através de comunicado, o Comité Olímpico de Portugal, liderado por José Manuel Constantino, explicou que entregou ao primeiro-ministro, António Costa, um documento no qual é salvaguardado que a retoma da atividade desportiva “não poderá ser feita sem que se encontre o importante equilíbrio entre esse regresso e a segurança que o mesmo tem de garantir a atletas, demais agentes desportivos e ao público em geral”. Em paralelo, o COP avançou também com o pedido de criação “de uma unidade de acompanhamento com representantes do universo desportivo, municípios e autoridades governamentais na área da saúde e do desporto, tendo em vista discutir e apresentar soluções transversais, sem deixar de atender às especificidades de cada modalidade desportiva”, ainda em relação a uma vertente mais desportiva.
Até há apenas dois ou três meses, ainda acreditávamos que a nossa bandeira ia brilhar no sonho olímpico de Tóquio em 2020. O adiamento dos Jogos Olímpicos é o adiamento de um sonho que afeta todos por igual: atletas, clubes, treinadores, equipas técnicas, patrocinadores, adeptos. pic.twitter.com/ZS76z3A144
— António Costa (@antoniocostapm) April 28, 2020
No plano económico, o COP manifestou que “é indispensável que as medidas governamentais de apoio à atividade económica não excluam o desporto e os seus agentes e, nessa medida, permitam a estes o acesso aos diferentes programas de apoio disponíveis e a disponibilizar”, recordou a importância de “garantir a transitoriedade dos saldos que existam ou venham a existir, ainda que sempre devidamente justificados junto da administração pública desportiva” em relação aos contratos-programa com os atletas e sugeriu “a criação de um programa específico para o desporto, gerido pelo Instituto Português do Desporto e Juventude, que permita um acesso desburocratizado e célere aos apoios ou incentivos que resultarem das decisões governamentais”.
“O cancelamento generalizado das competições desportivas pôs em risco a sustentabilidade de grande parte das organizações que compõem a pirâmide do sistema desportivo nacional. Da base ao topo”, ressalvou.