A corrida mundial para encontrar uma vacina que possa proteger a humanidade do novo coronavírus continua. E eis que surgem mais boas notícias: o estudo do Instituto Jenner, pertencente à Universidade de Oxford, irá começar a fazer testes a seres humanos a mais de seis mil pessoas no final do maio. Um ensaio desta escala e tão rapidamente só foi possível porque a vacina revelou ter tido excelentes resultados em macacos, como explicou o The New York Times num artigo que publicou esta segunda-feira.

A notícia de que a vacina criada pelo laboratório em Oxford iria avançar para ensaios em humanos já tinha sido dada pelo ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, na semana passada. Mas agora é possível saber mais detalhes sobre os testes feitos com esta vacina e por que razão está num estágio tão avançado face às restantes.

Cientistas de Oxford começam a testar vacina em humanos já esta quinta. O que já se sabe e que hipóteses tem de ser eficaz?

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De acordo com o Times, a principal razão para esta vacina ter tido luz verde para ensaios em seres humanos tão cedo está nos resultados que foram alcançados no mês passado no laboratório Rocky Mountain do Instituto Nacional de Saúde (EUA). Em causa está a aplicação de doses em seis macacos (macacos-rhesus, cujo nome científico é macaca mulatta) que tinham sido expostos a grandes quantidades do novo coronavírus. Os seis que foram vacinados estavam curados, 28 dias mais tarde, contrastando com os restantes macacos que foram expostos ao vírus e que não foram vacinados.

“O macaco-rhesus é aquilo que existe que é mais próximo dos humanos”, declarou ao The New York Times Vincent Munster, o investigador que liderou o teste. O objetivo agora é terminar a análise de resultados e publicá-las num jornal científico.

A imunidade em macacos, contudo, não equivale diretamente a imunidade em humanos, como relembra o jornal. No entanto, estes resultados promissores fizeram com que a vacina do Instituto Jenner tivesse luz verde para avançar mais rapidamente para ensaios com humanos, que terão início no final do próximo mês, envolvendo mais de seis mil pessoas. Estas, porém, não serão expostas deliberadamente ao vírus; as regras de ética de ensaios clínicos obrigam a que a vacina seja aplicada a pessoas que já estão em ambientes onde o vírus está a circular.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde existem 70 vacinas contra o novo coronavírus a serem desenvolvidas em todo o mundo, com três delas já em fase avançada, uma vez que estão já a ser testadas em seres humanos. A de Oxford, contudo, é aquela que pode trazer resultados concretos mais rapidamente.