A bolsa nova-iorquina fechou esta quarta-feira em forte alta, com os investidores encorajados com os resultados de um teste de tratamento contra o novo coronavírus desenvolvido pela Gilead Sciences e o apoio continuado do banco central norte-americano.

Os resultados definitivos da sessão indicam que o índice seletivo DowJones Industrial Average avançou 2,21%, para os 24.633,86 pontos, e o tecnológico Nasdaq 3,57%, para os 8.914,71.

Já o alargado S&P500 valorizou 2,66%, para as 2.939,51 unidades.

Os índices estiveram a beneficiar, desde o início da sessão, da publicação dos resultados preliminares positivos de um ensaio clínico realizado, em larga escala, com o antiviral experimental Remdesivir da Gilead Sciences, que fechou a sessão com uma subida de 5,68%.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Os dados mostram que o Remdesivir tem um efeito claro, significativo e positivo para reduzir o tempo de restabelecimento” dos doentes do novo coronavirus Sars-Cov-2, declarou posteriormente o diretor do Instituto norte-americano das Doenças Infecciosas, Anthony Fauci, na Sala Oval da Casa Branca.

Mas o laboratório de biotecnologia mostrou-se prudente, lembrando que “o Remdesivir não estava aprovado em parte alguma do mundo, nem tinha provado a sua segurança ou eficácia para o tratamento da Covid-19”.

Entretanto, a revista médica Lancet divulgou esta quarta-feira os resultados inconclusivos de um estudo feito com uma amostra pequena, em 10 hospitais de Wuhan, na China.

Mas estes anúncios oferecem aos investidores “como que uma luz ao fim do túnel”, considerou Shawn Cruz, da TD Ameritrade.

Eles “pressentem que toda esta situação vai ter um fim (…) e já pensam no quarto trimestre, que vai ser melhor do que o segundo”, corroborou Art Hogan, da National Holdings.

Estes potenciais avanços médicos, de facto, eclipsaram o anúncio de uma queda do produto interno bruto (PIB) nos EUA no primeiro trimestre de 4,8%, em termos anualizados, segundo uma estimativa preliminar do Departamento do Comércio.

Esta descida, devido à paragem da atividade económica da primeira potência económica mundial, para combater a pandemia do novo coronavírus, acabou com uma década de crescimento económico nos EUA.

E a situação deve piorar no segundo trimestre, que pode conhecer um recuo ainda mais importante.

Enquanto decorria a sessão bolsista, o presidente da Reserva Federal (Fed), Jerome Powell, afirmou que “a economia norte-americana vai cair a um ritmo sem precedente no segundo trimestre”. Com efeito, já há estimativas de quedas do PIB entre 30% a 40%, em termos anualizados, no segundo trimestre.

Mas, para garantir uma recuperação “tão robusta quanto possível”, o banco central norte-americano vai utilizar “de maneira agressiva” todos os instrumentos à sua disposição, acrescentou Powell, que falava no final de uma reunião da Fed sobre política monetária.

O banco central norte-americano manteve esta quarta-feira a sua taxa de referência no intervalo entre zero e 0,25% e prevê que assim continue, até que esteja convencida que a economia “sobreviveu” e “está na boa via para atingir os seus objetivos de máximo emprego e estabilidade de preços”.

Os índices também beneficiaram da valorização acentuada da Boeing (+5,86%) e da Alphabet, a holding da Google (+8,89%), eu se seguiu à divulgação dos respetivos resultados trimestrais.