O porta-voz da Presidência brasileira, general Otávio do Rêgo Barros, de 59 anos, testou positivo para o novo coronavírus, segundo confirmou à imprensa local o gabinete do militar. De acordo com a equipa de Rêgo Barros, o porta-voz não apresenta sintomas da covid-19 e está em isolamento em casa.

Rêgo Barros junta-se assim aos mais de 20 membros do atual Governo brasileiro, liderado pelo Presidente Jair Bolsonaro, a contrair o novo coronavírus.

Em março, pelo menos 23 pessoas que estiveram com Bolsonaro numa viagem aos Estados Unidos da América (EUA) testaram positivo para o novo coronavírus, entre eles os ministros do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e de Minas e Energia, Bento Albuquerque, ambos com mais de 60 anos, além do secretário de Comunicação do Governo, Fábio Wajngarten.

Após regressar dessa viagem aos EUA, onde se encontrou com o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, também Bolsonaro foi submetido a dois exames à doença, que resultaram negativo, segundo o próprio chefe de Estado.

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Contudo, o Presidente do Brasil recusou-se a mostrar publicamente fotos, cópias ou os originais desses exames.

No final de abril, a justiça federal de São Paulo rejeitou um relatório que dava conta que os testes da Covid-19 realizados por Jair Bolsonaro foram negativos, concedendo 48 horas para a apresentação efetiva dos exames.

O jornal O Estado de S.Paulo (Estadão) foi o autor de uma ação judicial em que viu reconhecido o direito de ter acesso aos exames realizados pelo chefe de Estado.

No seu pedido, o Estadão alegou que a recusa de Bolsonaro em apresentar o resultado destes exames configurava “cerceamento à população do acesso à informação de interesse público”.

Vários órgãos de comunicação social do país já tinham tentado obter cópia dos exames, invocando a lei de acesso à informação, mas os seus pedidos foram negados pelo Governo brasileiro.

Porém, após a justiça federal de São Paulo ter dado 48 horas para Bolsonaro apresentar os exames, uma magistrada de um tribunal de segunda instância do Brasil suspendeu provisoriamente essa decisão judicial.

Bolsonaro, que tem subestimado a gravidade do novo coronavírus, a qual chegou a referir-se como “gripezinha”, recusou-se a entregar os seus exames médicos por considerar ser um assunto “privado”.

O Presidente insinuou na semana passada, em declarações a uma rádio local, que podia ter contraído a doença e não ter percebido.

“Talvez eu tenha apanhado esse vírus no passado. Talvez, mas não o tenha sentido”, disse Bolsonaro, embora dias antes tenha afirmado “nunca” ter tido o novo coronavírus.

O Brasil registou na terça-feira o recorde diário de 600 mortes associadas ao novo coronavírus, totalizando 7.921 óbitos e 114.715 casos confirmados desde o início da pandemia no país, informou o Ministério da Saúde.