Foi com máscara de proteção nos primeiros minutos, na companhia do irmão gémeo e um bocadinho enferrujado num momento inicial que o português Gustavo Ribeiro regressou aos skateparks, depois do fim do confinamento devido à pandemia de Covid-19.
“Foi um bocadinho diferente ter outra vez a liberdade de poder sair à rua. No início foi um bocado estranho, estava um bocadinho enferrujado. Já não andava num skatepark há algum tempo e foi uma experiência nova”, explicou o skater luso, o número três do ranking mundial, em entrevista à agência Lusa.
O atleta português, de apenas 19 anos, assumiu-se feliz por “tudo voltar a fazer sentido”, mas admitiu que respeitar uma das medidas de prevenção, como o uso de máscara, é complicado, assim como treinar sozinho.
“Por acaso, começo sempre a andar com máscara, mas chego ao fim de cinco ou 10 minutos e vou ter de tirar. É muito calor, muita respiração. Tenho um irmão gémeo com quem vou andar muitas vezes, mas infelizmente magoou-se e partiu a perna há pouco tempo. Mas comprou uma máquina e vamos sempre os dois filmar”, descreveu.
No skatepark de Campolide, onde costuma treinar várias vezes, tal como em muitos outros parques da zona de Lisboa, Gustavo garante que “nunca está sozinho” e a sua entrada em “cena” com o skate fez dos outros praticantes presentes, aparentemente amadores, autênticos espetadores a observarem o nível exibido.
Apesar de voltar a fazer o que mais gosta, o número três mundial não esqueceu a batalha do confinamento, que o tornou numa pessoa mais “criativa”.
“De facto, foi mais ou menos uma batalha. Não só para mim, mas para todos os desportistas. Não estamos habituados a ficar muito tempo em casa. Tentei todos os dias treinar, porque, a partir do momento em que me sinto em casa fechado, sinto que não estou a fazer nada produtivo para mim“, sustentou.
As rotinas diárias de treino, de três a quatro horas na parte da tarde, e as idas ao ginásio durante a manhã não aconteceram face à pandemia, no entanto, Gustavo Ribeiro conseguiu puxar pela imaginação, muito por culpa das redes sociais, e fazer da sua casa um skatepark improvisado, praticando “na cama e no meio da sala”.
Com a competição suspensa e os Jogos Olímpicos Tóquio2020 adiados para 2021, o skater luso não escondeu a “desilusão”, pois estava perto de conseguir a qualificação para a competição, só ao alcance dos 20 primeiros da hierarquia.
Ainda assim, o atleta identificou um ponto positivo no adiamento, apesar de assegurar que estava preparado para representar Portugal no Japão, caso se qualificasse.
“Havia ainda mais quatro etapas [do circuito]. Era muito difícil sair [dos 20 primeiros]. Se não fosse adiado, sentia-me preparado e estava bastante confiante com o meu skate. Não posso pensar só nas partes negativas, mas sim na positividade. Vou aproveitar este ano para conseguir treinar mais, meter manobras novas no pé. Há sempre um lado positivo“, concluiu.
António Correia (texto), Jorge Coutinho (imagem)