Dois cientistas do Instituto Weizmann da Ciência, em Israel, criaram um modelo de desconfinamento cíclico de duas semanas que passa por trabalhar quatro dias, mas ficar outros 10 em isolamento profilático a seguir. A ideia foi desenvolvida por Uri Alon, biólogo de sistemas, que vai testar o modelo nele mesmo, em parceria com o colega Ron Milo.

De acordo com o Financial Times, o plano foi delineado com base no princípio segundo o qual, após uma infeção pelo novo coronavírus, o doente tende a começar a desenvolver sintomas e transmitir o vírus apenas ao fim de quatro a sete dias. Por isso, se trabalhar nesse período e isolar-se nos 10 dias seguintes, a propagação ficará mais contida.

O modelo de Uri Alon já é conhecido desde abril, mas foi analisado esta segunda-feira pelo El Confidencial numa entrevista com o biólogo. Segundo ele, esta estratégia “aumentaria a atividade produtiva e reduziria a densidade populacional e, portanto, as taxas de infeção durante a semana”.

E também permitia reavivar a economia, prevê o investigador, pelo menos nos países com uma número básico de reprodução (R0) — uma medida que permite saber quantas pessoas podem ser contagiadas por cada agente que está infetado  — está abaixo de um mês.

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Nesses casos, “não é necessário ter um confinamento contínuo que crie um desastre para a economia”: “Obviamente que um confinamento completo erradicaria o vírus mais rapidamente, mas ter um milhão de pessoas desempregadas também tem um custo médico: morte, depressão, tratamento psicológico”.

Para Uri Alon, “precisamos de entender que algumas pessoas morrerão independentemente da política que se implementar”. Mas a Estratégia 4/10 — assim se chama o modelo desenvolvido pelo israelita — pode ser a mais equilibrada, argumenta: “Não é necessário ter um confinamento contínuo que suponha um desastre para a economia”.

Tanto ao El Confidencial como ao Financial Times, o cientista sugere testar o modelo — sempre em associação com as regras de distanciamento social, etiqueta respiratória e lavagem de mãos — em áreas mais pequenas, como apenas numa empresa, para analisar os resultados. Caso resulte, a empresa verá um aumento de produtividade, além de uma taxa de infeção baixa.

Se os resultados forem satisfatórios, então pode aplicar-se a estratégia a uma cidade inteira, por exemplo, dividindo os agregados familiares em dois grupos, que se devem alternar entre as semanas de quatro dias de trabalho na rua e os 10 dias de isolamento profilático, mesmo que em regime de teletrabalho.