Em pleno dia de Eurogrupo, que começou às 14h desta sexta-feira, o Frankfurter Allgemeine Zeitung colocou os holofotes sobre Mário Centeno, garantindo que o ministro português vai deixar a coordenação das reuniões dos ministros das Finanças do euro quando o mandato terminar em julho. Só que o jornal alemão vai bem mais longe, fazendo eco de fontes diplomáticas que entendem que Centeno “tem estado sempre mal preparado” nas reuniões com os parceiros europeus e que tem havido descontentamento entre alguns ministros das Finanças do euro com a forma como tem conduzido a reação à crise.
O jornal alemão escreve mesmo, com base nas mesmas fontes, que, “ao contrário do seu antecessor, [Centeno] é incapaz de liderar discussões e encontrar compromissos”. E dá como exemplo da insatisfação entre os parceiros do euro a forma como foi gerida a difícil reunião de 8 de abril — descrita como um “pesadelo” por essas fontes —, que acabou por não ter qualquer conclusão. “O português interrompeu repetidamente a sessão para discussões individuais e literalmente deixou os outros participantes no sentados no escuro à espera durante horas”, escreve o jornal.
Em causa está uma série de interrupções nessa reunião, que durou 14 horas, até às 7 da manhã, perante a intransigência holandesa, sabe o Observador. Os Países Baixos tentaram que ficasse preto no branco um compromisso para que, tal como no passado, os empréstimos europeus para combater a crise fossem acompanhados de reformas nas economias dos países ajudados. Sem aceitar qualquer condicionalidade mais moderada, os Países Baixos acabaram isolados e a reunião acabou sem compromissos.
Dois dias depois foi obtido um acordo, mas o Frankfurter Allgemeine Zeitung garante que se deve “inteiramente à intervenção da chanceler Angela Merkel e do presidente francês Emmanuel Macron, bem como às negociações preliminares entre Scholz e seu colega francês Bruno Le Maire” — os ministros das finanças de Alemanha e França.
Centeno desiste de um segundo mandato?
O jornal alemão garante que Mário Centeno não vai avançar para um segundo mandato como presidente do Eurogrupo, referindo também a carga excessiva de trabalho que tem sofrido. O Frankfurter Allgemeine Zeitung deixa “em aberto se Centeno notificará oficialmente os seus homólogos da renúncia na videoconferência do Eurogrupo nesta sexta-feira”, mas o Observador sabe que isso não acontecerá.
Questionado pelo Observador, fonte oficial do Eurogrupo diz que Mário Centeno vai tomar a decisão sobre se se candidata a um segundo mandato — e comunicar essa decisão — em tempo útil. Para já, diz a mesma fonte, Centeno está focado no trabalho que tem pela frente, para combater a crise. A mesma fonte garante que o Eurogrupo só se vai debruçar sobre o assunto em julho, quando Centeno termina o mandato.
Notícia atualizada às 16:30