Tem quase metade da dimensão dos Açores e permanece escondida pouco acima da Grã Bretanha. Poucas vezes é notícia com grande impacto a nível internacional, mas a 9 de maio quebrou o silêncio para dizer que estava finalmente livre. O último caso ativo de Covid-19 nas Ilhas Faroé, território dinamarquês com estatuto especial, tinha sido dado como recuperado e a nação tornava-se na primeira a nível europeu a ter o surto sob controlo. Uma semana depois, o arquipélago continua sem novos infetados e as restrições impostas para conter a pandemia a nível nacional acabaram por ser levantadas.
Enquanto os países europeus procuram dar, com segurança, passos rumo a uma nova normalidade, neste território nórdico as empresas já retomaram a atividade, as pessoas voltaram às ruas e as escolas já estão a funcionar. Para trás acabaram por ficar os lares, zonas sensíveis ao surto e onde morreram grande parte das vítimas da Covid-19 em vários países. Contudo, as restrições foram suspensas na última segunda-feira.
Durante mais de dois meses de pandemia, as Ilhas Faroé registaram 187 casos de infetados com o novo coronavírus, um número pequeno mas suficiente para ter uma proporção de casos semelhante à espanhola (590 por cada 100.00) e muito próximo ao registado no Reino Unido e Itália. Não houve registos mortais até agora e com todos os doentes recuperados, a preocupação maior agora destina-se aos estrangeiros que cheguem ao país e que terão de ficar em isolamento durante duas semanas.
A reduzida dimensão do arquipélago é fator a ter em conta, mas, mesmo entre outros pequenos países e microestados do continente, nenhum outro testou tanto quanto as Ilhas Faroé. Com quase 49 mil habitantes, o governo local levou à letra o apelo de “testar, testar, testar” da Organização Mundial de Saúde: pelo menos 16% da população foi submetida a uma avaliação ao coronavírus, um valor que quase não encontra paralelo no mundo. Quase porque tem por perto a Islândia em percentagem, um outro país que se tornou exemplo pela quantidade de testes realizados e que se tornou o número um entre países soberanos.
Covid-19. Nenhum outro país fez tantos testes como a Islândia
Sabe-se, contudo, que é a rapidez da resposta que pode influenciar a profundiddade do impacto do surto. No caso feroês bastou uma semana desde a confirmação do primeiro caso de Covid-19 para ser imposto o confinamento e as medidas de restrição. O primeiro infetado foi registado a 3 de março, a 12 era pedido à população que ficasse em casa e cerca de um mês depois 10% dos habitantes já tinha sido testado.
Entre 22 e 30 de abril, respetivamente o dia em que foi confirmado o último novo caso de infeção e a primeira data de reabertura das atividades, as mensagens de cautela foram sendo reforçadas, com as autoridades a conseguirem prever o controlo do vírus. A população pôde voltar à normalidade, com segurança, e tudo culminou no regresso do futebol – um símbolo maior da presença de multidão.
No último sábado, a bola da primeira liga nacional voltou a rolar, como conta o britânico The Guardian, mas ainda sem gritos, sem claques, sem espetadores. No entanto, os bancos voltarão a ser ocupados pelos apoiantes, segundo anunciou o governo na última quinta-feira e as regras serão divulgadas na próxima semana.