“Entende a Sporting CP – Futebol, SAD, suportada em jurisprudência do Tribunal Arbitral du Sport / Court of Arbitration for Sport (TAS / CAS), que face à resolução unilateral do contrato no verão de 2018 do jogador com o clube, que essa mesma cláusula perdeu o efeito jurídico, não tendo a U.C. Sampdoria, consequentemente, quaisquer direitos futuros nos contratos assinados posteriormente, nomeadamente a transferência para o Manchester United FC. A FIFA e, se necessário, os tribunais, esclarecerão cabalmente a questão”.
FIFA investiga transferência de Bruno Fernandes após queixa da Sampdória contra o Sporting
No seguimento da notícia que dava conta da queixa apresentada pela Sampdória ao Tribunal Arbitral de Desporto (TAD) reclamando 10% da mais valia da transferência de Bruno Fernandes para o Manchester United, o Sporting emitiu um comunicado reconhecendo o diferendo com o conjunto italiano mas falando em “jurisprudência” para defender que não tinha de dar ao conjunto de Génova os 4,65 milhões de euros reclamados. Nesta fase, essa é a palavra mais relevante do processo: jurisprudência. E os leões vão já na terceira participação ao TAD por este tipo de situações, desta feita com o Sp. Braga a reclamar 20% de uma futura venda de Battaglia.
O que estão então em causa? Basicamente, o mesmo do caso que envolve Bruno Fernandes. Quando foi contratado pelo Sporting em 2017, o médio argentino do Sp. Braga custou aos leões 4,5 milhões e euros (4,2 milhões pelo passe mais 300 mil euros da rúbrica “outros encargos”, conforme informação do próprio clube verde e branco) mais o passe de Ricardo Esgaio, então avaliado em 1,5 milhões de euros, e o empréstimo por uma temporada de Jefferson. Mas o acordo previa ainda outro ponto: o Sporting ficava com 20% de uma futura transferência do lateral e o Sp. Braga ficava com 20% de uma futura transferência de Battaglia. E é aqui que entronca o problema.
O clube minhoto considera que o facto de Battaglia ter rescindido contrato de forma unilateral depois do ataque à Academia, no verão de 2018, antes de regressar e assinar um novo vínculo não anula essa percentagem que estava no acordo de venda, até porque se assim se fosse tal medida poderia tornar-se um subterfúgio para “fugir” a essas cláusulas. Já o conjunto lisboeta defende que a cessação de vínculo foi justificada, que a opção de regressar é um outro assunto e que a queixa não existiria se o argentino tivesse assinado por outro clube como podia ter feito.
Além de Bruno Fernandes e Battaglia, houve uma situação semelhante com William Carvalho, ainda que com contornos diferentes. Quando esteve por empréstimo no Cercle Brugge, ficou consagrado que os belgas teriam direito a 5% de uma futura transferência do médio. Ou seja, quando o internacional português foi vendido ao Betis por 16 milhões, iria receber 800 mil euros. Como o valor não foi pago, no verão de 2019, o clube fez queixa à FIFA, que deu razão ao Cercle Brugge passando ao lado dos argumentos leoninos de que não tinha sido uma venda mas sim um acordo com o clube espanhol após a rescisão. O Sporting pode ainda recorrer da decisão… para o TAD.
Depois de acordo do Sporting, William Carvalho vai para o Bétis
Regressando ao litígio entre Sp. Braga e Sporting, este é um novo foco entre os clubes depois do não pagamento por parte dos leões da primeira prestação do acordo pelo técnico Rúben Amorim. O Observador sabe que essa situação foi entretanto esclarecida, com os lisboetas a assegurarem que irão pagar tudo até setembro, e um dos encaixes que pode facilitar essa liquidação da dívida passa pela venda de João Palhinha ao Wolverhampton, que a imprensa inglesa dá cada vez mais como certa este verão por valores a rondar os 15 milhões de euros. E que terá também uma percentagem em causa, porque os minhotos têm 15% a receber de uma venda do médio até setembro.