Os Açores registaram já cinco casos de pessoas que tiveram teste negativo à covid-19, logo após um primeiro teste positivo, mas até ao momento não conseguiram apurar a origem do que designam como “falsos positivos”.
“A casuística é tão pouca que não nos permite para já tirar conclusões de forma significativa e de forma relevante”, avançou esta terça-feira, em Angra do Heroísmo, o responsável da Autoridade de Saúde Regional dos Açores, num ponto de situação sobre a evolução do surto da covid-19 no arquipélago.
O caso mais recente foi detetado numa funcionária de uma escola na ilha de São Miguel, testada no âmbito de um rastreio efetuado antes do regresso às aulas dos alunos do 11.º e 12.º anos, inscritos nos exames nacionais.
Na segunda-feira foi anunciado que a mulher de 40 anos tinha tido resultado positivo na análise à infeção pelo novo coronavírus, mas um segundo teste feito 24 horas depois teve resultado negativo.
“Temos testado várias vezes, até mesmo a mesma pessoa por mais do que uma vez, também para aprofundarmos e melhor conhecermos o comportamento deste novo coronavírus. Este caso, por ser epidemiologicamente desgarrado da situação vivida atualmente na ilha de São Miguel, voltámos a testar, no espaço de 24 horas, e tivemos neste segundo resultado um resultado negativo”, justificou Tiago Lopes.
A ilha de São Miguel tem atualmente 16 casos positivos ativos, mas as únicas duas cadeias de transmissão local da covid-19 identificadas, ainda ativas, estão “confinadas”, de acordo com a Autoridade de Saúde Regional, não havendo transmissão comunitária.
Os 11 contactos próximos da utente identificados foram também testados e tiveram resultado negativo.
Ainda assim, “por segurança”, o caso foi considerado “positivo” e a utente irá cumprir 14 dias de quarentena e só será dada como recuperada com dois testes negativos no espaço de 24 horas.
No dia 27 de abril, o responsável da Autoridade de Saúde Regional dos Açores já tinha admitido a possibilidade de existiram quatro casos com um resultado “falso positivo” na região, mas rejeitou que se devessem a falhas dos laboratórios, justificando-os com a flutuação da carga viral do novo coronavírus.
Em causa estavam quatro casos: uma bebé de 1 ano, dois ex-reclusos e uma utente do hospital de Ponta Delgada, que já tinha regressado à ilha Graciosa.
Nos quatro casos não foi possível identificar outros casos positivos nos contactos próximos e os segundos testes realizados tiveram resultado negativo ou inconclusivo.
Na ocasião, Tiago Lopes disse que os casos seriam analisados em colaboração com o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, mas até ao momento não existem conclusões.
“Através de laboratórios regionais e nacionais, e em articulação com as entidades a nível internacional, esperamos todos nós, com o conhecimento e a experiência que estamos a adquirir na região, fruto da fase que estamos a viver, em que podemos testar e voltar a testar, analisar e aprofundar o conhecimento, poder contribuir para dentro de pouco tempo melhor conhecermos este novo coronavírus e o seu comportamento”, sublinhou.
Os Açores registaram esta terça-feira dois novos casos de recuperação de infeção pelo novo coronavírus na ilha do Faial, que deixou de ter casos positivos ativos, à semelhança do que já acontecia nas ilhas Terceira e São Jorge, e nas ilhas de Santa Maria, Flores e Corvo, que nunca registaram casos.
Das 2.507 pessoas que aguardavam esta terça-feira por colheita de amostras ou resultados laboratoriais, apenas 13 correspondiam a casos suspeitos (nas ilhas Terceira e São Miguel), sendo os restantes testes integrados em rastreios.
Desde o início do surto foram confirmados 146 casos da covid-19 nos Açores, 20 dos quais atualmente ativos (16 em São Miguel, três no Pico e um na Graciosa), tendo ocorrido 110 recuperações (em seis ilhas) e 16 óbitos (em São Miguel).
A ilha de São Miguel é a que registou mais casos (108), seguindo-se Terceira (11), Pico (10), São Jorge (sete), Faial (cinco) e Graciosa (cinco).