O Bloco de Esquerda (BE) questionou esta sexta-feira o Governo sobre alegadas pressões que os trabalhadores da empresa Flex2000, em Ovar, no distrito de Aveiro, estarão a sofrer para assinarem rescisões por mútuo acordo, o que já foi negado pela administração.

Na pergunta dirigida ao Ministério do Trabalho, da Solidariedade e Segurança Social, os deputados do Bloco Moisés Ferreira e Nelson Peralta dizem que a empresa “tem mandado para casa vários trabalhadores em férias forçadas, alegando falta de encomendas”.

“Quando estes esgotam os dias de férias, regressam e são pressionados para assinarem a rescisão por mútuo acordo“, dizem, adiantando que esta empresa do grupo Cordex já terá mandado embora 60 dos 250 trabalhadores.

Os bloquistas referem ainda que a empresa pretende continuar a reduzir o número de trabalhadores através de rescisões por mútuo acordo, mas “sempre com forte pressão sobre os trabalhadores para que estes aceitem estes acordos de rescisão”.

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O Bloco quer saber se o Governo tem conhecimento desta situação e se a empresa recorreu recentemente a apoios do Estado ou foi alvo de alguma ação inspetiva por parte da Autoridade para as Condições de Trabalho, nos últimos cinco anos.

Em declarações à agência Lusa, o administrador da Flex2000, Carlos Pereira, disse que a empresa está a sofrer “bastante”, devido à Covid-19, tendo registado uma quebra nas vendas de 80% no mês de abril, face ao mesmo período do ano passado.

O gestor esclareceu ainda que estão a adotar “medidas de gestão para salvaguardar o futuro da empresa”, adiantando que, atualmente, têm trabalho para “pouco mais de cem pessoas”.

Carlos Pereira referiu ainda que houve 28 trabalhadores que assinaram as rescisões por mútuo acordo, mas nega que tenha havido qualquer pressão por parte da empresa.

A Flex2000, que se dedica à produção de espumas de poliuretano flexíveis destinadas à indústria do conforto, recebeu esta sexta-feira a visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do primeiro-ministro, António Costa, durante um périplo por aquele que foi o primeiro concelho a estar sujeito a uma cerca sanitária devido à Covid-19.