Está lançada a dúvida nos testes à Covid-19 feitos pelo laboratório que a Liga escolheu como parceiro para testar jogadores e equipas técnicas dos clubes da I Liga. De acordo com o Expresso, os testes feitos pela Unilabs aos atletas estão a dar vários falsos positivos para a infeção. Há cerca de 10 dias foram feitos testes a jogadores do Vitória de Guimarães e do Famalicão. Em testes feitos a 11 atletas, sete jogadores do Famalicão deram positivo e três do Vitória. Um deu inconclusivo. Quer a empresa, quer o Hospital de S. João vieram já este sábado emitir um comunicado conjunto onde refutam a notícia. Não só dizem desconhecer o estudo, como criticam “conclusões alarmistas”. E também o FC Famalicão já disse numa nota divulgada à comunicação social que “não foi contactado pelo Expresso sobre a noticia”. O clube acrescenta ainda que “vem reiterar a confiança clínica na Unilabs Portugal, confirmando também nunca ter solicitado a realização quaisquer testes no HSJ.”

De acordo com o Expresso, os testes da Unilabs acertaram apenas em dois destes casos. Os outros nove eram falsos positivos. Ainda assim, os falsos positivos não são tão graves como um “falso negativo”, que podem, esses sim, comprometer a segurança da I Liga, adianta o semanário na sua edição deste sábado.

O laboratório refuta a existência de qualquer falha nos procedimentos, adiantando que os testes não têm uma fiabilidade de 100%. “O teste tem 97% de especificidade e 83% de sensibilidade, portanto 3% de falsos positivos, e estamos dentro dessa estatística. Não há erro nenhum, é uma característica do próprio teste”, disse ao Expresso um responsável da Unilabs, mas sem explicar o porquê de uma tão alta taxa de incidência de falsos positivos nos testes feitos ao Vitória e ao Famalicão.

A Unilabs – multinacional de análises clínicas – é liderada em Portugal por Sérgio Gomes da Silva, filho do atual presidente da FPF, Fernando Gomes, e Luís Menezes, filho do antigo autarca de Gaia Luís Filipe Menezes, complementa o Expresso.

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“Conclusões alarmísticas, despropositadas e sensacionalistas”

Num comunicado conjunto enviado às redações este sábado, a Unilabs e o Conselho de Administração do Hospital de São João vêm colocar em causa o conteúdo da notícia do Expresso. O São João diz “desconhecer qualquer estudo feito a atletas de clubes profissionais ou não profissionais de futebol realizados na instituição”, como diz a peça do Expresso.

Esta informação já tinha sido remetida ao Jornal Expresso na passada quarta-feira, após ter sido questionado, tendo-se referido de forma clara, que: “O Centro Hospitalar Universitário São João não tem qualquer protocolo com clubes de futebol portugueses para colheita de análises de pesquisa de COVID-19, e não tem conhecimento de resultados de testes de atletas de clubes”.

Já a Unilabs Portugal “refuta de forma veemente as conclusões alarmísticas, despropositadas e sensacionalistas, apresentadas pelo referido jornal de que os testes que tem vindo a realizar com jogadores profissionais tenham dado resultados ‘errados'”.

A Unilabs e o São João argumentam que “existe uma multiplicidade de fatores que podem afetar os referidos resultados, desde datas diferentes de colheita, aos procedimentos de colheita aplicados, até às metodologias, equipamentos e reagentes específicos utilizados em cada unidade laboratorial”.

O comunicado termina com a Unilabs a dizer que “reconhece no [hospital] CHUSJ o centro de referência e de primeira linha na luta contra a COVID-19 em Portugal, e na dedicação dos seus profissionais, uma das armas mais poderosas para o sucesso do país na luta contra a pandemia que vivemos, e que atacou em primeiro lugar a região Norte do país”. Por seu turno, o CHUSJ diz “reconhecer na Unilabs, em conjunto com outras entidades publicas, privadas, académicas e sociais, o papel relevante que tiveram na implementação de centros de rastreio de COVID-19 que permitiram identificar milhares de casos por todo o país, permitindo aos hospitais mais diferenciados focar as suas energias nos doentes graves”.