As cirurgias e consultas não urgentes vão voltar a ser suspensas em todos os hospitais dos concelhos de Lisboa, Amadora, Sintra, Loures e Odivelas devido ao aumento de novos casos de infeção por Covid-19 na Região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT). O despacho que irá determinar esta suspensão vai ser publicado “durante esta semana”, confirmou o Ministério da Saúde ao Observador.
Uma circular do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, datada desta sexta-feira e a que o Observador teve acesso, aponta ainda o facto da “quase totalidade dos internamentos nacionais por Covid-19” se concentrar nesta região e, por isso, ser necessário adotar novas respostas de assistência hospitalar.
“A especificidade do comportamento epidémico na área de LVT, motivou a determinação por parte da tutela da adoção de medidas específicas para as instituições do SNS [Serviço Nacional de Saúde] daqueles concelhos”, lê-se no documento.
Além do reforço de todas as medidas de segurança em vigor, será suspensa toda a “atividade assistencial não urgente que, pela sua natureza ou prioridade clínica, não implique, nomeadamente, risco de vida, limitação de prognóstico ou descompensação de doenças crónicas”. Assim, serão suspensas as cirurgias e as consultas presenciais não-prioritárias. O objetivo é não só reduzir e evitar contágios, mas também garantir a “necessária prontidão da resposta à Covid-19”.
Tal como em março, quando houve suspensão identica, vão continuar a realizar-se todas as cirurgias urgentes e emergentes, oncológicas, muito-prioritárias e prioritárias e todas aquelas “cujo adiamento comprometerá previsivelmente a recuperação e prognóstico” do doente. Da mesma maneira, mantém-se as consultas não-presenciais, as consultas presenciais prioritárias e aquelas que foram previamente adiadas e reagendadas, “cuja realização seja clinicamente considerada essencial”.
A suspensão será formalizada com a publicação de um despacho conjunto entre Gabinetes do Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, da Ministra de Estado e da Presidência, do Ministro da Administração Interna, das Ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e Ministra da Saúde e do Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares.
Os concelhos da Amadora, de Lisboa, Loures, Odivelas e Sintra têm sido os que mais novos casos de Covid-19 têm registado nos últimos dias. No boletim da DGS divulgado esta sexta-feira confirma-se a dos principais focos de contágios localizados na região de Lisboa e Vale do Tejo. Dos 377 casos novos confirmados, 89% foram nesta região do país.
Esta quinta-feira, no final da reunião do Conselho de Ministros, António Costa anunciou que a decisão sobre o fim das restrições em Lisboa seria adiada para a próxima semana e só deveria entrar em vigor a partir de 15 de junho. Ainda assim, garantiu o primeiro-ministro, “não há nenhum motivo para alarme, os focos estão muito bem identificados quais são e, portanto, podemos todos continuar a viver em segurança em Lisboa”.
Mais tarde, em entrevista à TVI, justificou a decisão de adiar o levantamento das restrições na região de Lisboa e Vale do Tejo com a “grande incerteza” que havia sobre o motivo pelos quais o número de casos na região estava a aumentar. Costa esclareceu que “dos 17 mil testes realizados apenas 4% foi positivo e todos estavam assintomáticos”. Rejeitando a ideia de qualquer cerca sanitária nos cinco municípios mais atingidos, o primeiro-ministro disse ser necessária “uma grande disciplina domiciliária”.
“Os números desta semana já evidenciam o esforço de 17 mil testes feito a este universo [trabalhadores da construção civil e de empresas de trabalho temporário]. Só cerca de 4% foram dados como positivos. Todos eles assintomáticos, todos entre a casa entre os 20 e os 40 anos, com muita interação social. Não precisamos de medidas de cercas nem de grande contenção, mas simplesmente de uma grande disciplina individual”, afirmou António Costa.
Se evolução dos casos em Lisboa se mantiver, restrições levantadas dia 15 de junho