A decisão sobre o fim das restrições que se aplicam atualmente em Lisboa e Vale do Tejo — a região que tem concentrado um maior aumento no número de infetados — foi adiada para o próximo Conselho de Ministros. O anúncio foi feito por António Costa que, ainda assim, diz que “não há razões para alarme” uma vez que os focos estão “muito bem identificados”.

“Não estamos numa situação de crescimento generalizado da pandemia, pelo contrário. Dos 18 municípios, concentram-se em cinco os focos que existem. Nestes concelhos, os focos estão delimitados, são pessoas que trabalham em empresas de trabalho temporário ou no setor da construção civil”, detalhou o primeiro-ministro.

Segundo António Costa já terminaram “um conjunto de testes ao universo que tinha sido identificado”, mas o primeiro-ministro destaca que estes testes refletem a realidade apenas “no momento do teste” e que é necessário “ir avaliando”.

O próximo Conselho de Ministros será realizado já depois da habitual reunião com os especialistas no Infarmed, onde será possível analisar os números mais atualizados. Mas António Costa não concretizou as razões que levam a adiar o levantamento de restrições, pelo menos, até dia 15 de junho.

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“A avaliação que temos hoje [diz-nos] que na próxima terça estaremos em condições de eliminar as restrições que ainda existem na Área Metropolitana de Lisboa, a partir de dia 15. A sessão no Infarmed na próxima segunda-feira é muito importante e os próximos dias são muito importantes para avaliar“, notou o primeiro-ministro.

Temos que ir acompanhando de forma a não correr riscos e que tudo possa correr como até agora. Não há nenhum motivo para alarme, os focos estão muito bem identificados quais são e, portanto podemos todos continuar a viver em segurança em Lisboa desde que pratiquemos as normas de segurança: lavar as mãos, máscaras, afastamento”, alertou António Costa.

As lojas com área superior a 400m2 vão permanecer fechadas, tal como os centros comerciais. Antes da conferência de imprensa de apresentação do Programa de Estabilização Económica e Social, já tinha sido ratificada no Diário da República também a continuidade do encerramento das Lojas do Cidadão em Lisboa até dia 15 de junho.

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Caso o aumento do número de casos se mantenha estável, em focos identificados pelas autoridades de saúde, a partir do próximo dia 15 poderão cair também as restrições aos ajuntamentos com mais de 10 pessoas (que no resto do país é de 20) e da lotação máxima dos veículos privados de transporte de passageiros — as carrinhas de transporte de trabalhadores para a construção civil, por exemplo — que se encontra limitada a dois terços dos passageiros, com obrigatoriedade de todos os passageiros usarem máscara.

Já durante a entrevista à TVI, António Costa justificou a decisão de adiar o levantamento das restrições na região de Lisboa e Vale do Tejo com a “grande incerteza” que havia sobre o motivo pelos quais o número de casos na região estava a aumentar. Costa esclareceu que “dos 17 mil testes realizados apenas 4% foi positivo e todos estavam assintomáticos”. Rejeitando a ideia de qualquer cerca sanitária nos cinco municípios mais atingidos — Lisboa, Loures, Odivelas, Sintra e Amadora —, o primeiro-ministro diz que é necessária “uma grande disciplina domiciliária”.

“Os números desta semana já evidenciam o esforço de 17 mil testes feito a este universo [trabalhadores da construção civil e de empresas de trabalho temporário]. Só cerca de 4% foram dados como positivos. Todos eles assintomáticos,  todos entre a casa entre os 20 e os 40 anos, com muita interação social. Não precisamos de medidas de cercas nem de grande contenção, mas simplesmente de uma grande disciplina individual”, afirmou António Costa.

Segundo o primeiro-ministro, esta extensão das restrições em Lisboa “foi importante para esclarecer” que não se estava perante “um problema geral, mas um problema concreto”.